A saga das infecções nos infantários!

Ângela Baptista // Outubro 31, 2018
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É comum ouvirmos as “queixas” dos pais sobre o consecutivo estado de doença dos filhos assim que iniciam a creche. Decorrente desta situação, levantam-se algumas dúvidas das quais é preciso que se fale.

Existe uma relação entre a entrada para o infantário e o aumento da susceptibilidade para as doenças?

De facto é sabido – e concluído por estudos realizados – que existe uma relação direta entre a entrada para a escola e o surgimento de doenças. Assume-se uma maior susceptibilidade à contaminação em crianças mais pequenas, bem como uma grande incidência em doenças relacionadas com as infecções das vias aéreas superiores (nariz, ouvidos e garganta), do aparelho respiratório “inferior” (traqueia, brônquios e pulmões), e, ainda, do sistema gastrointestinal, que levam às habituais situações de vómitos e diarreias.

Porque isto acontece?

  • Desde logo porque estamos perante um sistema imunitário imaturo. Tem que se lhe dar tempo para fortalecer, ganhar mais defesas, não há como acelerar este processo. No entanto, “ele” é capaz e fará o seu trabalho de defesa do organismo com a melhor competência. Após os primeiros contactos com os microrganismos patogénicos, as infecções subsequentes serão menos intensas e menos frequentes. O organismo da criança criará as suas próprias resistências.
  • Existe uma maior susceptibilidade da criança, relacionado com o seu nível de desenvolvimento/estadio comportamental. Isto é: existem comportamentos comuns às crianças muito pequenas que naturalmente as deixam mais susceptíveis. São exemplo disso: excesso de salivação; troca fácil de brinquedos, chupetas, colheres e outros materiais (inevitável troca de saliva); o gatinhar com contato constante com o chão onde as restantes crianças também passam e com elas os fluidos que vão deixando, os constantes dedos na boca… Uma verdadeira anarquia em termos de regras de higiene!
  • As crianças pequenas estão muito dependentes do adulto. Assim, há obrigatoriamente um contacto mais direto com o adulto cuidador (a educadora, a auxiliar) que por sua vez realiza tarefas a todos: muda fraldas, limpa narizes, alimenta… A mesma pessoa está em contacto com a criança contaminada e com a que está saudável. Atenção, pode não haver culpados. Muitas vezes a presença dos vírus, e portanto a respectiva transmissão, antecede em dias a manifestação das doenças. Não existe uma relação forçosa com falta de condições dos infantários ou falta de cuidado dos profissionais, ainda que seja um aspeto a ser reforçado.
  • Confinação de muitas crianças num espaço só, o que favorece a transmissão de infecções, em especial as que se propagam por via inalatória.
  • Manutenção desadequada dos sistemas de ventilação no interior dos edifícios que forçosamente afecta a qualidade do ar.

Relembre-se, com o passar do tempo as resistências vão aumentando e como tal as situações de doença vão reduzindo. Assim, o 2.º ano no infantário tenderá a ser verdadeiramente mais tranquilo.

Há algo a fazer para tornar o primeiro ano de infantário uma experiência mais agradável?

  • Começa logo pela escolha da instituição. São vantajosos aqueles que oferecem áreas grandes e arejadas; poucas crianças por sala; aplicam e preocupam-se com medidas de higienização (verificar se existe ao dispor desinfetantes de mãos, proteção de calçado para os visitantes).
  • A atitude dos pais também é importante e decisiva no sucesso. Se o estado da criança compromete o seu bem-estar e desempenho, se exige uma vigilância que o infantário não pode assegurar, ou se existe risco de contágio para as outras crianças, a evicção escolar deve acontecer. De lembrar que existem doenças de declaração obrigatória para o regresso à escola. (Decreto-lei nº229/94 e nº 3/95.)
  • Certifique-se que o seu filho tem o plano de vacinas em dia.
  • No início do ano, apresentar declaração própria com informação acerca da existência de doenças e/ou outras situações que comprometem a saúde da criança, afim de facilitar a actuação da comunidade educativa escolar em caso de necessidade.
  • Promoção de hábitos de educação para a saúde nas crianças. As crianças podem e devem ser ensinadas a ter comportamentos de prevenção da doença e promoção da saúde desde cedo. Crianças a partir dos três anos podem ser instruídas sobre as práticas de lavagem das mãos, de como tossir e espirrar (pôr o cotovelo), de não trocar objetos pessoais como a escova de dentes.

Sabia que é possível existir esta promoção da educação para a saúde na escola? Que está preconizada a existência de um profissional de saúde especializado, como o/a enfermeiro/a especialista em saúde infantil e pediátrica nas escolas? Gostava que houvesse na escola do seu filho? Sugire e fale com a direção acerca desta parceria.

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