6 Desafios para o futuro do granel

Eunice Maia // Setembro 30, 2021
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Depois de um artigo sobre as vantagens de comprar a granel, hoje regressamos ao tema, projetando o futuro deste setor e os desafios que ele nos coloca enquanto via de impacto ambiental, económico e social.

Nos últimos anos, temos assistido ao crescimento exponencial do setor do granel não só em Portugal, mas também internacionalmente. Estima-se que haja em 2023 na Europa mais de 10 mil “package free shops”, um crescimento acompanhado pela geração de emprego estável (previsão de 10,062 a 26,937 postos de trabalho a tempo inteiro até 2023 – dados da Zero Waste Europe e da Réseau Vrac), por um contributo efetivo de redução de embalagens descartáveis, do desperdício alimentar e pela construção de circuitos agroalimentares mais curtos e sustentáveis. 

Rumo a uma economia mais circular

É fundamental reunir o setor e refletir em conjunto sobre o futuro, abordando as dificuldades, as áreas críticas e as boas práticas, congregando esforços para potenciar o seu desempenho rumo a uma economia mais circular, tirando partido do sistema de reutilização que está na base da sua missão de redução de desperdício

Nesse sentido, no passado dia 17 de julho, a Maria Granel, mercearia biológica 100% a granel e primeira zero waste store nacional, organizou um webinar, com produção e apresentação a cargo da agência social good Livre Para, fundada por Bruno Lisboa e João Kraeski, embaixadores do Pacto Europeu pelo Clima, transmitido digitalmente a partir do hub criativo LaVentana, em Lisboa.

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Este evento teve o apoio de Zero Waste Lab; Zero Waste Youth Portugal; Lixo Zero Portugal; Instituto Lixo Zero Brasil; Instituto Lixo Zero Portugal; C.Greener; Associação Ambientalista Zero; Mundivagante. Contou com a intervenção de 27 especialistas e profissionais, entidades e projetos nacionais e internacionais na linha da frente da inovação no setor, em várias áreas: 

  • economia circular (Zero; ECOnnect Portugal);
  • medição de impacto (B Corp; Leonor Burnay Barros);
  • financiamento ético (Go Parity);
  • tendências e marketing sustentável (Joana Campos Silva, Cláudia Pereira; Gabriela Maciel; Inês Cancela; C Greener);
  • cadeia de abastecimento (SimBIOse UCP; Legucon UCP);
  • consumo consciente (Filipa Dias, Lívia Humaire);
  • regulação e HACCP (Nutraqual e Réseau Vrac);
  • zero waste e ativismo pela justiça climática (Kitchen Dates; Ana Milhazes, Zero Waste Lab, Joana Guerra Tadeu);
  • casos de sucesso (lojas e projetos de vários pontos do país: Quinta do Arneiro, Cindinha Bulk, Mercearia ComVida; Armazém Integral, Unii Organic; Greendet);
  • merchandising (Sara Dinis).

A assistir estiveram empreendedores, investidores, consumidores, fornecedores, investigadores, representantes políticos, ativistas e entusiastas da causa da sustentabilidade, público em geral. 

O futuro do granel

Em comunidade, refletiu-se sobre o futuro do granel, o seu impacto (social, económico e ambiental), o seu papel decisivo enquanto caminho para um consumo mais consciente, colocando-o ao serviço, de forma ainda mais eficaz e efetiva, da luta climática e da transição ecológica.

6 Desafios para o futuro do granel: 

Neste artigo, partilhamos seis conclusões que foram retiradas e que sintetizam os alicerces mais relevantes para construir o futuro do granel: 

  1. O desafio de, em coletivo, lutarmos pela revogação dos decretos/medidas regulatórias em vigor  que impõem a venda em pré-embalagem (ARROZ – Decreto Lei n.º 157/2017; MASSAS E FARINHAS – Portaria n.º 254/2003; AÇÚCAR – DL 290/2003 VINAGRE – Decreto-Lei n.º 174/2007,  AZEITE – Decreto-Lei nº 76/2010; MEL – Decreto-Lei nº 214/2003), seja através do apoio de entidades como a ZERO, a DECO, ou mecanismos como o abaixo-assinado (através de um texto que apresente um olhar global sobre todas as restrições existentes e sobre a necessidade de garantir procedimentos uniformes de higiene e segurança alimentar, e não apenas centrado na questão do arroz);
  2. A necessidade de unir o setor (lojas, fornecedores, consumidores) através de uma entidade (associação) nacional profissional que garanta maior representatividade, voz, influência e capacidade de disrupção em termos regulatórios. Para isso, conseguimos junto da Réseau Vrac (primeira associação internacional dos profissionais do granel) uma representação/extensão nacional;
  3. A relevância da formação para a uniformização de procedimentos de higiene e segurança alimentar que sejam devidamente supervisionados e certificados por entidades externas independentes, quer para os utensílios e dispensadores de loja, quer para a esterilização de recipientes reutilizáveis;
  4. A urgência de, em todo país, as lojas a granel medirem e comunicarem eficazmente o seu impacto (por exemplo, a contabilização de contentores/sacos reutilizados, seja por parte dos consumidores, seja ao longo de toda a cadeia de abastecimento; o cálculo de redução carbónica associada à expedição em mobilidade elétrica);
  5. A otimização da cadeia de abastecimento, com recurso a um mecanismo (uma espécie de diretório) de georreferenciação de produtores nacionais, promovendo a gestão de escala e também adoção de programas circulares de reutilização de recipientes, em detrimento de embalagens de uso único;
  6. A importância de fazer pontes com a investigação académica, incentivando também o desenvolvimento tecnológico do granel ao serviço da transição ecológica e da economia circular. 
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Juntos somos mais fortes e vamos mais longe

Foi, sem dúvida, um momento bonito e decisivo de comunidade, de esperança, que culminou com uma certeza: juntos somos mais fortes e vamos mais longe. Que este webinar tenha sido o início de uma caminhada em conjunto que ajude a afirmar e a fortalecer o setor do granel.

Nota: Fotografias por Pedro Lucas

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