7 Perguntas e respostas sobre a compostagem

Fátima Lopes // Abril 29, 2020
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As preocupações com o meio ambiente já se instalaram nas nossas rotinas diárias, dentro e fora de casa. São muitas as pessoas que já usam a sua própria garrafa reutilizável, talheres e palhinhas reutilizáveis, escovas de dentes mais amigas do ambiente, entre muitos outros objectos que vão ganhando terreno nesta questão de saúde que nos afecta a todos: cuidar do nosso Planeta, da casa de todos nós.

Comprometimento com o meio ambiente

Depois de já todos termos interiorizado que reciclar é de extrema importância, está na hora de dar o próximo passo. Assim, hoje decidi falar-vos sobre compostagem, uma prática que adotei recentemente.

Percebi que, tal como eu, muitas pessoas se interessam por compostagem e, por isso, pedi ajuda à Catarina F.P. Barreiros, do Projecto Do Zero, para me/nos esclarecer algumas questões. 

7 Perguntas e respostas sobre a compostagem:

1. O que é a compostagem e qual a sua importância?

De uma maneira muito simples, a compostagem é a transformação de resíduos orgânicos em fertilizante, ajudando assim a fechar o ciclo de cultivo dos alimentos. Ao compostarmos, estamos a mimetizar um comportamento que se realiza espontaneamente na Natureza.

É fácil de perceber a sua importância se virmos que o encaminhamento de resíduos orgânicos para compostagem poderia evitar a emissão de cerca de 2-3 Gigatoneladas de CO2 para a atmosfera, apenas entre 2020-2050 (fonte: Project Drawdown).

2. Quais os benefícios da compostagem?

Estima-se que, em Lisboa, cada pessoa produza mais de 200Kg de Resíduos Orgânicos Compostáveis por ano. Citando o Project Drawdown, “cerca de metade do lixo produzido globalmente é orgânico ou biodegradável. Grande parte vai parar a aterro, onde se decompõe sem oxigénio, produzindo gás metano, que é cerca de 34 vezes mais nocivo que o dióxido de carbono. Ainda que alguns aterros tenham maneira de realizar alguma gestão deste metano, é muito mais eficiente redirecionar resíduos orgânicos para compostagem”.

Para além de obtermos fertilizante com a compostagem, existe então um enorme benefício em compostar resíduos orgânicos: evitamos colocar os mesmos em aterros ou enviá-los para incineração, minimizando a pegada ecológica destes produtos em fim de vida.

3. Como funciona a compostagem?

Regra geral, quando falamos de compostagem, falamos de um processo que inclui vários agentes: os resíduos orgânicos (restos alimentares, por exemplo), matéria castanha (resíduos secos que ajudaram a realizar a compostagem), organismos vivos (como as minhocas, no caso da vermicompostagem), o oxigénio (porque sem oxigénio aconteceria o mesmo que em aterro) e a água (essencial para manter a humidade). 

4. Como fazer compostagem em casa?

Se fizermos compostagem em casa, o que temos de fazer é adicionar matéria orgânica (matéria “verde” – os tais restos alimentares), tapar bem com matéria castanha (os secos) e ir mexendo, para circular oxigénio. A par disto, temos de ir verificando a humidade do compostor, para garantir que o ambiente interno tem as condições necessárias à compostagem.

5. Quem pode fazer compostagem do lixo?

Quase toda a gente pode fazer! E digo quase porque sei que há pessoas para quem será mais fácil e outras que terão maior dificuldade, quer porque não existem opções comunitárias perto de si, quer por ter pouco tempo para realizar a compostagem doméstica. No entanto, é relativamente acessível à grande maioria da população, realizar algum tipo de compostagem.

Em algumas Câmaras Municipais, existem compostores comunitários onde podemos colocar os nossos resíduos.

Quem tem jardim pode ainda ter um compostor aeróbio (também existem algumas Câmaras Municipais que oferecem estes compostores!).

Quem não tem jardim, pode fazer vermicompostagem.

Quem não tem jardim e não gosta da ideia de ter minhocas em casa, pode fazer compostagem bacteriana (vulgarmente denominada “Bokashi”).

Quem não pode fazer nenhum dos tipos de compostagem em casa mencionados acima, pode sacar a aplicação ShareWaste, em que doa os seus resíduos orgânicos a vizinhos que façam compostagem.

6. Quais as melhores dicas para quem quer fazer compostagem doméstica? 

É necessário pensar bem no sistema que melhor se adequa à sua vida. A vermicompostagem é, de longe, o método mais rápido para fazer compostagem. Mas requer ser capaz de abrir a tampa e ver minhocas (que, se tudo correr bem, não vão sair do compostor!). Por outro lado, se tiver jardim e se fizer uma alimentação com carne e peixe, a compostagem aeróbia poderá ser a mais indicada porque, ainda que o composto demore mais tempo a estar pronto, poderá colocar restos de comida de origem animal. Se utilizar muitos citrinos, por exemplo, poderá optar pelo sistema Bokashi. Cada caso será um caso, mas para todos há uma opção.

7. O que se pode compostar? E o que não se pode compostar?

Depende do tipo de compostagem que se faz. Por regra, compostam-se apenas resíduos orgânicos (denominados matéria verde) como restos de comida, cozinhados ou crus, aparas de relva… Também se pode (e deve) colocar nos compostores domésticos papel e outros secos, a que chamamos matéria castanha. Em nenhum método (para além de alguns tipos específicos de compostagem industrial) se podem colocar dejetos de animais, por exemplo. É também desaconselhado colocar sementes nos compostores, porque o ambiente é altamente profícuo ao crescimento de plantas e estas irão desenvolver-se certamente. Embalagens compostáveis (que não digam especificamente que são compostáveis em compostor doméstico), só podem ser colocadas em compostagem industrial. Em vermicompostagem, por exemplo, não se pode colocar nada que não seja de origem vegetal e, mesmo dentro dos restos de comida vegetarianos, cascas de citrinos e cebolas também não devem ser colocados. O tipo de compostagem que permite mais tipos de resíduos orgânicos (à excepção do industrial) é a compostagem aeróbia, que se pode realizar num quintal, por exemplo.

Espero que vos tenha ajudado e que também se inspirem para adoptar esta prática nas vossas casas. 

Nota: Fotografias por Verónica Silva

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