Se falamos de exercícios abdominais, instala-se um “cansaço” só de imaginar que teremos de os fazer. De forma geral, ora detemos um enorme orgulho pelos “6 pack” de barriga lisa e definida, ora puxamos a camisola para baixo e calças para cima para a esconder. Mas, será assim tão importante sermos portadores de barrigas lisas esculturais? Sim! Mas, talvez não pelas razões que pode estar a pensar…
Um questão de saúde.
Embora a maioria das pessoas tenha uma preocupação constante com a estética abdominal, gostaria de mudar a natureza desta preocupação estética para a relevância na saúde. Sim, também é verdade que um corpo com “bom aspecto” por fora, demonstra o que se passa por dentro. Mudar o foco de como parece por fora para o que faz por dentro, não é fácil, mas é simples.
Mas, qual é a importância desta zona do corpo?
É uma zona que não está provida de uma estrutura óssea como o resto do corpo. A parede abdominal terá de ser essa estrutura óssea. Sendo músculo tem de ser trabalhado. O que seria natural pensar: “Quem tem uma parede abdominal visualmente forte é forte”. Sim e não (nos dias que correm eu votaria no não). Os músculos mais superficiais dizem pouco sobre a saúde e capacidade de atuar dos músculos profundos.
O que a ciência e experiência me dizem é: se a parede abdominal estiver à altura de toda a musculatura do corpo (todos os músculos superficiais e profundos equilibrados e funcionais), então quer dizer que há uma probabilidade menor de poderem surgir futuramente problemas associados ao não funcionamento da parede abdominal. Esta será a forma mais coerente de olhar para a nossa parede abdominal e as suas responsabilidades e implicações nas nossas rotinas.
Não podemos falar de parede abdominal sem falar em evolução.
A nossa evolução para uma posição bípede não foi totalmente desprovida de consequências, não só ao nível da postura, também ao nível da capacidade em nos deslocarmos. A mudança de posição de quatro “patas” para dois “pés” foi uma evolução que pagamos caro ainda hoje (diria cada vez mais). Afeta o normal funcionamento da coluna vertebral e todos os músculos que a suportam, não esquecendo a locomoção ou equilíbrio eficientes, ou até o posicionamento e funcionamento dos órgãos e glândulas hormonais.
A prática de Yoga foca-se em equilibrar o corpo, mas sempre do centro para as extremidades. A capacidade de controlar o centro é o item chave aliado à respiração. Deixo 2 exercícios simples (não querendo com isto dizer “fáceis”) para ir tentando e introduzindo nas suas rotinas de treino.
Dica para fazer durante os exercícios:
- Ativar em simultâneo os músculos do pavilhão pélvico (os músculos da bacia que controlam sexo e ânus);
- Ativar os músculos da parede abdominal (debaixo para cima desde o púbis);
- Não acumular tensão muscular na coluna cervical.
Navasana:
- Eleve a coluna, em especial a zona lombar;
- Avance o peito na direção dos joelhos;
Eleve cotovelos, cabeça e pés ao mesmo;- Comprima a parede abdominal para dentro e para cima na expiração;
- Repita a respiração 8 vezes sem sair da posição;
- Repita a respiração 5 vezes sem sair da posição.
Chaturanga:
- Estique coluna e ambas as pernas mantendo-se paralelo ao tapete com a bacia ligeiramente mais elevada do que os ombros;
- Mantenha a pressão dos 4 apoios contra o tapete;
- Cotovelos junto ao tronco;
- Comprima a parede abdominal para dentro e para cima na expiração;
- Repita a respiração 5 a 10 vezes sem sair da posição (vá aumentando o tempo de permanência com o aumento do número de respirações para 8, 10, 12 e repita o processo pelo menos 3 vezes).