Todos temos direito ao lazer, não há dúvida. Fala-se muito da importância do lazer, da importância de descansar, de termos actividades que nos relaxem, que nos ajudem a recuperar energia, que nos tragam alegria e nos façam sentir bem, mas ao mesmo tempo cultiva-se de alguma forma a ideia de que quando nós nos dedicamos ao lazer somos preguiçosos.
Se por um lado ouvimos, e bem, muitos especialistas a falar da importância do lazer e de termos tempo para nós próprios e para fazermos coisas que nos dêem prazer, por outro, a sociedade, de uma forma subtil e não declarada, dá a entender que quando nos dedicamos ao descanso, parece que é pecado e que somos pessoas pouco dadas ao trabalho. É quase como se insinuassem que somos pessoas que valorizamos mais o lazer e menos o trabalho. Isso faz com que as pessoas que são viciadas em trabalho – os chamados workaholics – tenham dificuldade em permitir-se dedicar algum do seu tempo ao ócio.
Os workaholics têm muita dificuldade em encarar o ócio como uma coisa normal e necessária.
E, em alguns casos, o lazer até é de carácter urgente! Há pessoas que precisam mesmo, mesmo, mesmo de colocar na sua agenda um bocadinho para o ócio porque, caso contrário, são máquinas que nunca desligam. E uma máquina que nunca desliga e que está sempre on, vai avariar mais cedo. Portanto, o lazer é, nada mais, nada menos, que essa oportunidade de fazermos com que as nossas vidas entrem em pausa, em modo descanso. E cabe a cada um de nós descobrir aquilo que a si lhe dá prazer.
O lazer é a oportunidade de fazermos com que as nossas vidas entrem em pausa, em modo descanso.
Por exemplo, o que eu mais gosto é de ler. Se estou numa fase mais tranquila a nível intelectual, para mim ler é lazer. Quando estou em fases mais agitadas prefiro dedicar-me a actividades que representem uma espécie de paragem da mente, como, por exemplo, contemplar o mar, sentar-me ao pé do rio a observá-lo sem tempo, sem horas, sem qualquer tipo de preocupação. Gosto também de me dedicar à bricolagem, à agricultura e à jardinagem. E, claro, férias são férias.
Férias são férias.
Tirar um período de férias em que me permito deixar o papel de cuidadora para que sejam os outros a cuidar de mim, ou seja, um período em que eu possa simplesmente desligar e não fazer nada. Para muitas pessoas não fazer nada representa um mega desafio porque, simplesmente, não sabem não fazer nada. Colocar um travão na nossa mente e deixá-la num estado em que esteja apenas a pairar é muito difícil, mas nós precisamos muito disso. Por isso é que conseguir não fazer nada é excelente!
Pelo direito ao ócio!
Se não tem nenhuma atividade de lazer, procure algo que lhe faça sentido a si e que lhe permita parar, descansar, aproveitar o tempo livre e ter direito ao ócio. Porque o ócio também faz parte da nossa vida.
Nota: Fotografia por Verónica Silva