Aceitar que crescer é para a vida toda

Fátima Lopes // Abril 2, 2020
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Decidi dedicar este mês de Abril ao tema “crescer”. Curiosamente, esta decisão já estava tomada antes de passarmos todos por esta experiência de pandemia, que é qualquer coisa que não sabíamos o que era, que nunca tínhamos vivido. Nunca tínhamos estado privados da nossa liberdade até para movimentos mínimos, para ações mínimas e para contactos mínimos. É uma realidade que desconheciamos. E, eu já tinha decidido que Abril era um bom mês para se falar de crescimento. Ainda não estamos a meio do ano, mas já vale a pena reflectir no que fizemos no primeiro trimestre de 2020. 

O que significa crescer?

Gosto de privilegiar esta palavra, pela qual tenho um profundo respeito. Crescer é das palavras que mais sentido me faz na vida. É dos verbos que mais valorizo. 

Muitas vezes as pessoas quando pensam em crescimento, contemplam apenas o crescimento físico. Felizmente, são cada vez mais aquelas que vão estando mais despertas para a importância de crescermos enquanto pessoas, de crescermos espiritualmente, emocionalmente, de crescermos até como seres humanos, nos nossos valores. Mas, eu acho que… 

O verbo crescer ainda não recebeu todo o valor que merece.

Preocupamo-nos, muitas vezes, como crescemos na vida, como crescemos na nossa carreira, como crescemos nas condições que temos, etc., mas o crescimento mais importante é aquele que está dentro de nós. Porque quanto mais investirmos nesse crescimento interior, mais frutos colhemos na nossa vida e isso acaba por ser das melhores sementes que podemos plantar

O crescimento interior é, sem dúvida, dos melhores investimentos que podemos fazer.

Partilho muitas vezes os vários retiros espirituais e de desenvolvimento pessoal que faço. Porquê? Porque é lá que vou buscar mais ferramentas para crescer cada vez mais interiormente, para me sentir cada vez mais apetrechada, com mais bagagem para conseguir fazer diferente na minha vida e também na vida dos outros. E, fico muito feliz quando a vida me presenteia com uma situação qualquer e eu me apercebo que já não reajo da forma que reagia há dois, três, cinco ou dez anos, ou nem como reagiria no mês passado! Já consigo, sim, fazer diferente e para melhor! Isso é crescimento. 

O crescimento para ser valorizado também tem de ser reconhecido.

Por exemplo, imaginem uma conversa com alguém com quem habitualmente reagíamos de forma impulsiva ou agressiva e nem tínhamos capacidade de a ouvir. Se agora nos apercebemos que conseguimos fazer diferente, que já o conseguimos ouvir, que já conseguimos perceber que o ponto de vista do outro pode ser diferente, mas que é igualmente válido, então houve aqui um crescimento. E, é muito importante quando notamos estas alterações em nós, dizermos isso mesmo.

Dizermos que percebemos que estamos a fazer diferente face a determinada situação é importante.

Ou seja, nestas conversas interiores que temos connosco, dizer, como, por exemplo, eu digo a mim própria: “Maria de Fátima, parabéns. Fizeste diferente. Olha que bom, já não reagiste da mesma maneira, conseguiste ver o outro de outra forma”. Portanto, convém ir anotando estes crescimentos porque quando nós anotamos ganhamos consciência deles e quando tomamos consciência deles, eles mais facilmente passam a fazer parte de nós

Crescer é evoluir.

Para mim, o crescimento é mesmo isto, é uma evolução. Crescer é fortificar, é desenvolver, é também amadurecer. E crescer é um processo que nunca está terminado. Até ao último suspiro estaremos a crescer, desde que assim o queiramos. Desde que aceitemos este como um grande desafio e um desafio para a vida. E, é um desafio tão bonito! 

Crescer é uma aventura.

Mesmo quando passamos por momentos de dor. A dor encerra em si um enorme crescimento porque, por norma, o ser humano entende melhor e evolui mais rapidamente com a dor do que, propriamente, com situações que não o levem a uma paragem para reflexão. Ou seja, o ser humano entende melhor quando lhe dói, porque quando lhe dói ele pára para refletir. Então, o crescimento pressupõe muitas vezes dor. 

Eu, aliás, costumo dizer que existem dores de crescimento – as físicas e as dores de crescimento emocional, que também doem e que, às vezes, também levam muito tempo a passar, mas que nos permitem a seguir fazer melhor e diferente. 

Crescer é um processo para a vida toda.

A minha sugestão é que peguem neste mês de Abril olhem para vocês com olhos de amor, vejam o crescimento que têm feito, valorizem esse crescimento. E não digam: “Ainda me falta tanto para ser assim…”. Não interessa! O que interessa é o caminho já feito até agora. E querer continuar a crescer. Ter como propósito continuar a crescer. E isso já é extremamente valioso. Bom crescimento para todos.

Nota: Fotografia por Verónica Silva

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