Alimentação consciente e natural em viagem

Daniela Ricardo // Maio 14, 2018
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Viajar pelo mundo pode ser uma experiência extremamente gratificante ou o contrário. Muitas vezes as questões alimentares impedem que desfrutemos em pleno da nossa viagem. Um viajante prevenido tem sempre melhores hipóteses de desfrutar plenamente da experiência.

Sou uma curiosa da gastronomia, quero sempre experimentar pratos novos, novos sabores e ter experiências o mais locais possíveis.

Assim sendo, para onde quer que eu vá escolho sempre pratos locais, atendendo sempre a algumas premissas que para mim são indispensáveis; Os alimentos devem ser locais, sazonais e de preferência biológicos. Esta última premissa nem sempre é possível atender, depende em que parte do globo terrestre nos encontremos, mas leva-me sempre numa aventura exploratória muito interessante.

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O prato deve ser sempre variado e conter cereais, preferencialmente integrais, vegetais e uma fonte proteica, que eu privilegio que seja de origem vegetal ou peixe.

É sempre possível fazer estas escolhas, no início parece ser trabalhoso, mas depois torna-se um hábito e já é muito intuitivo. Nas viagens que faço com a Zen Family pelo mundo, já tenho este trabalho de casa feito e poupo os viajantes a constrangimentos alimentares. Quase todas as refeições são escolhidas ou orientadas por mim e seguem sempre as premissas de uma alimentação consciente e natural. Esta curiosidade com a gastronomia e os cuidados com a alimentação mesmo em viagem, deram origem ao meu primeiro livro “Viagens da Comida Saudável”, das Edições Chá das Cinco.

Pela minha experiência estar longe de casa, em países desconhecidos, com matrizes culturais diferentes e onde se falam línguas que não entendemos pode ser tão enriquecedor como assustador. Sobretudo se ficarmos doentes, o que pode acontecer com relativa facilidade se não observarmos alguns princípios básicos no que diz respeito à saúde, à higiene e à alimentação.

Quero partilhar convosco alguns cuidados que tenho sempre que viajo, para que não haja sobressaltos de maior e que se têm revelado eficazes.

A experiência diz-me que há uma relação estreita entre o sistema nervoso e a resposta do sistema imunológico. Uma atitude calma e descontraída, juntamente com alguma atenção e vigilância, garantem bons resultados face a muitas situações que não prevemos. Bom senso e autoconhecimento sobre a nossa própria adaptabilidade, condição e constituição devem fazer sempre parte da nossa bagagem.

. Açúcares simples

Algo que faço, obrigatoriamente, antes de entrar em viagem é deixar de comer açúcares simples. Nada de doces e sobremesas, nem mesmo aquele pedacinho de chocolate negro que tanto me agrada, principalmente se o destino para onde vou tem um clima bem diferente do que se faz sentir onde vivo, onde estou. Evitando os açúcares, principalmente nos quatro dias que antecedem a viagem e os primeiros quatro dias de viagem, ajuda o nosso organismo a manter a imunidade e a não acidificar.

. Próbióticos

Para aumentar a minha imunidade e, assim, aumentar a minha adaptabilidade aos locais para onde vou, tento reforçar o sistema imunológico consumindo próbióticos diariamente 5 dias antes da viagem e nos primeiros 5 dias de viagem, no mínimo. Uma boa alternativa de próbiótico é beber um copo de água quente com uma colher de chá de miso de cevada, diariamente, em jejum. Esta opção pode não agradar a todos porque o miso tem um sabor muito particular, mas eu adoro. O miso é um produto fermentado à base de soja e um cereal (neste caso a cevada), rico em bactérias benéficas para povoar a nossa flora intestinal, motivo pelo qual reforça a nossa imunidade. Existem, no entanto, alternativas probióticas naturais, em cápsulas, gotas e saquetas. É uma questão de procurar. Eu prefiro sempre comida e, por isso, opto pelo miso.

Prevenir problemas nesta área implica aprendermos a seleccionar alimentos e bebidas. Até nos apercebermos de quais são os mais seguros, ou que representam menos risco, temos de ser rigorosos, sobretudo nos primeiros dias. À medida que o nosso organismo se adapta, podemos aumentar o grau de abertura a novas experiências.

. Água

A água é algo que tenho sempre em atenção. Não é pela questão de a água ser potável ou não, é, sim, pela questão de nas diferentes regiões do mundo os microrganismos que a água contém serem diferentes dos que estamos habituados em Portugal. Por exemplo, no Butão, um país com um grau de poluição baixíssimo, com água límpida e cristalina nos rios, que a população local bebe directamente, nós não devemos fazer o mesmo, pelo menos nos primeiros dias. Os microrganismos são diferentes e corremos o risco de ter alguma dificuldade de adaptação (como uma ligeira diarreia).

O que eu faço em qualquer parte do mundo é, nos primeiros dias beber sempre água engarrafada, com o cuidado de verificar se a tampa está intacta e não ter vergonha de pedir outra, caso isso não se verifique. Beber chá, isto é água fervida, onde terei contacto com esses microrganismos já mortos ou atenuados e, assim, começar a adaptar o meu sistema imunológico. Outros cuidados (dependendo dos países) são: lavar os dentes com água engarrafada, evitar bebidas com gelo e saladas (lavadas com água). A experiência diz-me que devemos ter estes cuidados pelo menos nos quatro primeiros dias. Depois podemos diminuir a nossa vigilância, porque o nosso sistema imunológico já esteve em contacto com os microrganismos diferentes e sabe como defender-se.

. Leite

É de evitar leite – na minha opinião, qualquer tipo de leite sempre, pois é um alimento que ajuda o nosso corpo a produzir mucos e a acidificar. Eu não sou a favor do consumo de produtos lácteos, mas se para si é importante ingeri-los, prefira o ultrapasteurizado (UHT) ou pasteurizado (leite do dia), fervendo-o antes de beber.

. Alimentação

Opto por alimentos bem cozinhados em vez de crus ou mal passados, principalmente nos primeiros quatro a sete dias de viagem. Evito todos os molhos, especialmente maioneses e molhos que levam natas.

. Fruta

E, ignoro a fruta nos primeiros dias. Isto porque a fruta possui um elevado teor de frutose que faz com que o nosso meio interno fique mais ácido, logo mais susceptível ao crescimento de microrganismos que nos são estranhos. Quando as ingerirmos, é melhor optar por frutas que possam ser descascadas e, claro, está que sejam locais e da época. Esta premissa, às vezes, leva a que deixemos de experimentar frutas que parecem interessantes. Estou a lembrar-me de uma fruta em particular, que tenho muita curiosidade em provar, mas que ainda não tive oportunidade. Eu tenho imensa curiosidade para perceber a que sabe a “jaca”, uma fruta que vejo quando vou ao Brasil. Infelizmente ainda não tive oportunidade, porque sempre que lá fui, não estava na época das jacas. Claro que podia provar, vindo de outro país, ou de estufa (embora creia que esta opção para as jacas não exista), mas não estaria comer local, nem sazonal. Não estaria a adaptar o meu organismo aquele local.

 

Estes cuidados têm se revelado muito úteis, pois não tenho tido questões de saúde e a adaptabilidade a novos locais tem sido quase imediata. Às vezes sinto o corpo a contrair ou a expandir dependendo da variação climatérica entre os países que visito, mas isso não se reflecte na minha saúde, humor e vitalidade.

Boas viagens. Atrevam-se a ser diferentes. Vivam conscientes!

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