Amizade: uma âncora na vida

Fátima Lopes // Julho 2, 2018
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Falar de amizade não é uma tarefa fácil. As palavras nem sempre fazem justiça ao sentimento e ele é demasiado nobre para ser tratado aquém do que merece.

Desde pequenina que tive facilidade em fazer amizades.

O período que tenho mais presente é o da chegada a Moçambique. Foi fácil criar laços fortes com a garotada do bairro. O mesmo não aconteceu na escola, onde a cor da minha pele era um obstáculo. Lembro-me de não ter ninguém da minha turma para brincar no recreio, porque era branca. Depois de confessar à minha mãe a tristeza que sentia pela inexistência de amigos, ela pôs-se a caminho e conversou com o professor. Um homem notável que explicou às crianças o que havia a explicar. A partir daí fui aceite e foi na escola que aprendi as particularidades da cultura moçambicana.

Uma amiga, um exemplo.

Criei uma forte amizade com uma menina, a Maninha, que era um verdadeiro exemplo para mim. Super inteligente, com uma facilidade de aprender incrível, um sorriso contagioso e uma fibra única. Apesar de franzina, ninguém fazia farinha com ela. Virava a boneca com injustiças ou com gente gozona. Ficou-me registado e passei a fazer o mesmo.

Em Portugal tinha deixado as minhas amigas da praceta e, por isso, quando regressei elas lá estavam à minha espera. Era com elas que me ria, que brincava, que fazia as minhas confissões, que partilhava as dores da descoberta do amor.

Tive sempre amizades fortes ao longo da vida.

Gente que caminhando ao meu lado ou às vezes um pouco atrás, ria e chorava comigo. Os verdadeiros amigos são frontais, leais, transparentes, cuidam de nós com amor e carinho. Sentem-nos dentro do coração e a nossa felicidade é para eles tão importante quanto a deles.

Graças a Deus tenho amigos que se mantém há décadas na minha vida. Muito porque nos aceitamos e gostamos uns dos outros como somos.

A amizade verdadeira.

Os verdadeiros amigos não cobram. Percebem-nos e aceitam as nossas incapacidades e fragilidades. Isso não é dizer amém a tudo. Pelo contrário, quem nos ama, orienta-nos. E, os verdadeiros amigos são assim.

Alguns amigos passaram para a categoria de família do coração. Não são a família onde nasci, mas a família que escolhi e amo-os da mesma maneira.

Viver sem amigos é ter parte do nosso coração às escuras e um coração assim nunca será feliz.

Nota: Fotografia por Verónica Silva.

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