Ansiedade em tempo de escola e de exames - Como ajudar os nossos jovens?

Diogo Telles Correia // Setembro 29, 2019
Partilhar

Vivemos um mundo de competitividade, em que desde cedo somos obrigados a mostrar que somos bons, que somos tão ou melhor que os outros. É saudável este espírito? Não! Mas, é o mundo em que vivemos.

As nossas crianças e adolescentes vivem neste mundo e não num outro qualquer mundo ideal. Assim, somos nós que os temos de preparar para dar tudo aquilo que podem, sem se deixarem abater se lhes derem a entender, na escola ou na faculdade, que esse tudo não é suficiente…

O que se passa é que se as nossas crianças e jovens não estiverem preparados para se adaptar às pressões do mundo em que vivemos, desenvolvem se quadros de ansiedade que cada vez são mais frequentes em idades precoces.

Como posso preparar o meu filho, sobrinho, amigo mais novo a ter uma melhor prestação escolar/universitária sem cair em ansiedade ou depressão?

Alguns pontos chave:

. O comprometimento e a responsabilização

É fundamental que as nossas crianças e jovens compreendam que apesar de serem muito novos, já têm uma responsabilidade no mundo. Como a responsabilidade dos pais é de trabalhar, de ganhar dinheiro, de tentar garantir que nada lhes falte, a sua responsabilidade é de estudar. De estar presente nas aulas, de não faltar, de fazer os trabalhos de casa, de conseguir dosear o tempo utilizado em lazer e o tempo utilizado nas obrigações escolares.

É importante que nós lhes expliquemos porque, apesar de não ser algo que nos ocorre, muitos dos jovens não têm a noção de ter uma responsabilidade neste mundo.

. A motivação

O mundo em que vivemos não é favorável a manter a motivação dos nossos jovens. Um mundo em que em todos os meios de comunicação social se fala em falta de emprego, em injustiças sociais, em nepotismo na atribuição de cargos importantes… E perguntam os jovens: “Estudar para quê?”. É neste difícil dilema que devemos também tentar actuar. É importante tentar vencer os nossos próprios descontentamentos e encontrar histórias de sucesso, de pessoas que estudaram e conseguiram (se procurarmos também há destes exemplos em cada esquina!), vitórias da dedicação e trabalho num mundo que tenta dar oportunidades a todos (apesar de sabermos que às vezes não é bem assim).

Com os jovens e crianças não tenhamos medo de ser um pouco optimistas de mais… É importante que eles incorporem este optimismo para fazer frente aos problemas que virão no futuro que, sem uma boa dose de optimismo, podem ser paralisantes.

. Resiliência

A resiliência é exactamente aquilo que nos permite ir suportando e tolerando as adversidades. É importante que estejamos ao lado dos nossos mais novos, prontos para os estimularmos quando as coisas não correm tão bem. “Força, vais conseguir, mesmo que esteja a ser mais difícil que esperavas!” Podemos falar das nossas próprias histórias, ou das histórias do tio que estudou muito e chegou a uma profissão que todos admiram…

É fundamental os nossos jovens sentirem que estamos ao seu lado dispostos a ajudá-los (mas, não a fazer o trabalho por eles). Este suporte será incorporado na sua personalidade e pode ser uma grande ajuda para quando eles forem mais velhos e já não estiverem sob a nossa alçada.

. Tolerância sem permissividade

“Pai, não quero tirar medicina, nem engenharia, quero estudar música.” Muitas vezes os nossos jovens podem não querer seguir aquilo que nós sonhámos para eles. Isso pode até ser bom sinal! Pode querer dizer que eles têm uma motivação própria, uma personalidade própria e que querem percorrer o seu caminho e não o nosso caminho. Isto não significa que não lhes expliquemos as dificuldades desses caminhos. Mas, se eles estiverem dispostos a responsabilizar-se por isso devemos estimulá-los.

Nalguns casos, há jovens que não querem tirar cursos superiores, mas, sim, cursos médios e mais práticos. Como sabemos nos dias de hoje ter um curso superior nem sempre é garantia para conseguir um emprego (sobretudo nalgumas áreas). Assim, pode o curso superior não ser a solução em todos os casos, devemos conhecer e ouvir bem os nossos jovens e não tentar escolher para eles aquilo que gostaríamos de escolher para nós.

. Estar atento aos primeiros sinais de ansiedade

É importante estarmos atentos aos primeiros sinais de ansiedade. Nos mais novos é frequente esta manifestar-se apenas por sintomas físicos recorrentes sem explicação médica. Náuseas e vómitos que surgem repetidamente e sem explicação médica, sobretudo em fases escolares… Dores no corpo ou outros sintomas físicos.

Mas, a ansiedade pode começar logo a manifestar-se através dos medos. Medo de sair de casa, medo de ir à escola/faculdade, medo de se expor, medo de ser avaliado. Pode ocorrer sob a forma de crises de pânico, em que a ansiedade surge subitamente com grande força e sintomas físicos variados (dificuldade em respirar, coração a bater rápido….) e com um medo terrível de morrer, de ter algum problema físico grave… Estas situações devem ser sinalizadas e os jovens devem ser encaminhados para um pedopsiquiatra, psiquiatra ou psicólogo com experiência na área.

Conclusão:  

Devemos fazer tudo o que está ao nosso alcance para estimular os nossos jovens a não desistir, seguir em frente para concretizar os seus objectivos (que não são os nossos!), e estar na retaguarda para os auxiliarmos quando eles necessitarem (e não continuamente!) de forma a que se tornem adultos responsáveis e bons profissionais.

Ler mais


Social Media

Copyright © 2023 Simply Flow. Todos os direitos reservados.

Este site utiliza cookies para melhorar a sua experiência. Aceitar Saber mais