Quando estava a analisar com a minha equipa quais os temas que queríamos abordar aqui, no Simply Flow, concluímos que “Aprendizagem” merecia esse destaque. Talvez por nos termos vindo a aperceber que quando se fala em aprendizagem, há uma tendência generalizada de pensar em conhecimento intelectual. Mas basta uma consulta rápida ao dicionário de Português para lembrar que aprendizagem é muito mais que isso:
1. Acto ou efeito de aprender;
2. Tempo durante o qual se aprende;
3. Experiência que tem quem aprendeu.“
Pegando na primeira descrição, eu diria que nela cabe tudo. Toda e qualquer fonte de informação, experiência ou situação que me acrescente algum tipo de conhecimento é uma aprendizagem.
Como podemos aprender mais?
Podemos aprender com livros, com cursos, com palestras ou com outra das inúmeras fontes de conhecimento intelectual. Mas também podemos aprender a partir da acção, do pôr a mão na massa, do fazer algo que até aí não tínhamos feito.
Por exemplo, a pessoa que decide pela primeira vez trabalhar a terra e fazer a sua horta, é provável que tenha pouco conhecimento e que não o faça bem. Será a repetição, a capacidade de identificar os erros e de os corrigir, a eventual ajuda de alguém já conhecedor da área, que irá permitir uma progressiva aprendizagem até que consiga fazer bem a tarefa a que se propôs.
Gostava de aqui dar mais destaque, à aprendizagem decorrente da acção. Da experiência.
O ser humano aprende muito quando se atreve a fazer coisas, principalmente se forem novas. Não me refiro à aprendizagem decorrente de um trabalho puramente intelectual. Refiro-me a algo mais físico. O trabalhar a terra, o pintar, serrar, limpar, arrumar, cozinhar. Tudo isso decorre num tempo durante o qual se aprende.
Há outra aprendizagem valiosíssima que resulta de sabermos ouvir.
Já os antigos diziam que “saber ouvir é uma grande virtude”. Concordo a 100%. Enquanto ouvimos o outro aprendemos sempre alguma coisa, nem que seja o que não queremos ser. É na relação connosco, com os outros e com as experiências da vida que surge a aprendizagem a nível emocional. Sem ela seremos sempre apenas grandes incapazes e pessoas muito limitadas.
E a aprender através da contemplação e do silêncio? Sim, também é possível.
Por fim, gostava de falar do valor da aprendizagem decorrente da inacção e do silêncio. A simples contemplação, seja do que for, e a apreciação do silêncio são poderosas fontes de aprendizagem que não estão ao alcance de todos. Apenas daqueles que não têm medo de si, nem da vida.
Nota: Fotografia por Verónica Silva