Balanço de 2020

Fátima Lopes // Dezembro 31, 2020
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2020
2020

Fazer um balanço de 2020 é um grande desafio. Este foi um ano atípico para mim e para toda a gente. Tivemos de sair de absolutamente todas as nossas zonas de conforto.

O meu balanço deste 2020

Tal como toda a gente, também tive muitas alterações na minha vida. Passei meses com os meus filhos longe durante a semana e a estar com eles apenas ao fim-de-semana. A fazer os programas com uma micro equipa presente, com número limite de convidados e inexistência de público. A ter de organizar e pensar tudo de maneira diferente. E volto a reforçar: eu e toda a gente. Não vivi nada que as outras pessoas também não tenham vivido.

Foi e está a ser um desafio.

Mas, não olho para 2020 de forma negativa. Pelo contrário. 

Há muitas situações que eu não sabia como resolver e para as quais tive de inventar soluções. Umas vezes encontrei soluções boas, outras vezes nem por isso. Mas crescer é assim mesmo. E eu acredito que todas as experiências que a vida nos coloca à frente, têm sempre um propósito e uma razão de ser. Pelo menos com a educação católica que recebi e tudo aquilo que tenho aprendido no campo de uma espiritualidade mais alargada, pensar que nada na vida acontece por acaso é o que me faz sentido. 

Os acasos não existem.

Acredito que há sempre uma razão e um propósito. Até porque isso dá-me força e coragem. Isso faz-me acreditar que mesmo as vivências menos fáceis e mais dolorosas, têm uma razão de ser. E mais tarde ou mais cedo, eu vou conseguir ultrapassar os obstáculos que se atravessam no meu caminho. Pode não ser exatamente naquele dia. Pode não ser naquela semana, nem naquele mês. Mas um dia eu vou conseguir. Há sempre um dia em que vou saber sair dali. E nesse dia eu vou estar mais forte, mais resiliente e mais capaz. 

Este ano permitiu um fortalecimento dos laços familiares.

Em termos da minha vida pessoal, 2020 permitiu um fortalecimento ainda maior da minha relação com os meus filhos. Porque apesar de termos passado três meses com alguma distância, ou seja, a não estarmos juntos com a frequência a que estávamos habituados, isso fez com que quando nos reuníamos havia que aproveitar cada minuto e cada segundo. Não se deixava para depois falar sobre aquilo que ainda não se tinha falado presencialmente. Logo houve uma capacidade de nos unirmos ainda mais e de nos deixar uma maior certeza daquilo que nos liga

Em relação aos meus pais têm sido meses só de confirmação daquele amor que eu tão bem conheço, daquela dedicação, daquela entrega únicas. Mesmo confinados e privados da liberdade a que estavam habituados, rapidamente se adaptaram. Sem zanga, sem peso. É curioso como a idade dá a sabedoria a estas pessoas, de saber relativizar. Saber que não é propriamente o confinamento que mata. Ou seja, eles sabem que é possível sobreviver a isto. Sim, uma doença grave pode um dia levá-los, é verdade. Mas a solidão, eu acredito que mata e mata muito pela tristeza que traz. Graças a Deus, eles não passaram por solidão, excepto nas 3 primeiras semanas. Sempre dentro das regras de segurança, tiveram todo o acompanhamento possível das filhas e dos netos. E isso foi e está a ser extremamente importante. 

Foram os meus pais que me deram muitas lições durante este ano.

Lições sobre esta capacidade de aceitar, aceitar e aceitar sem pensar demasiado. Mostraram melhor que ninguém um sentido pragmático da vida e sem perderem tempo a criticar porque, às vezes, a crítica só faz com que desperdicemos energia. Ou seja, dali não vem nenhum ganho. Uma coisa é uma análise construtiva de qualquer coisa. Outra coisa é dizer mal só por dizer. E isso não adianta nada. Não nos vai resolver problema nenhum. 

2020 deu-me a oportunidade de me reinventar ainda mais profissionalmente.

Este ano teve ainda uma outra coisa linda que foi dar-me a oportunidade de me reinventar e expandir profissionalmente. Ou seja, em termos de televisão não existiram projectos novos. Mas todas as oportunidades que surgiram de trabalhar com empresas e como oradora, permitiram-me definir-me, mais do que como apresentadora, como comunicadora. E como comunicadora surgiram-me imensas oportunidades de trabalhos novos, todos via streaming aos quais me adaptei com facilidade. Ou seja, tudo funcionou via digital e eu adaptei-me rapidamente a este novo modelo. Foi muito bom perceber que, efetivamente, tenho ainda muitos caminhos novos para desbravar e que os consigo fazer com alegria, com satisfação, com realização e de forma eficaz. O que me estimula e desafia muito

Também por causa da pandemia comecei a fazer lives com alguns especialistas do SimplyFlow. E foi uma experiência muito positiva e enriquecedora, para mim e para o público. Como me dizia uma pessoa com responsabilidades a nível da saúde do nosso país: “Fátima, estes lives são verdadeiro serviço publico”. E foi isso mesmo que eu senti. 

Este foi um ano de adaptação e superação.

Efetivamente este foi um ano em que provei a mim própria que me consigo adaptar a todas as formas de comunicação. Eu fiz lançamentos de livros com os autores, onde as perguntas foram feitas através das pessoas que estavam a assistir ao directo. Dei formações via zoom para algumas empresas. Fiz aconselhamento na área da comunicação e do marketing para outras empresas e participei ainda em reuniões das equipas de vendas. Na verdade, vivi tudo de uma forma muito, muito desafiante, mas sem as pessoas por perto. Consegui adaptar-me e, mais importante que tudo, senti-me feliz por o fazer porque superei-me. 

Senti este ano, mais do que nunca, o quanto eu sou uma comunicadora. 

Isto pode parecer estranho e algumas pessoas até poderão perguntar: “Então, mas ela não sabia que era uma comunicadora?”. A verdade é que eu ainda me apresentava, quase sempre, apenas como apresentadora. Porém, graças a tudo o que este ano me trouxe como desafio, eu hoje defino-me e apresento-me como comunicadora. Por isso, profissionalmente, este também foi um ano de muitas vitórias e de muitas alegrias

Este 2020 é um ano que eu jamais vou esquecer.

Por ter tido de me reinventar tantas vezes. Mas sei que cumpri bem. Que consegui. Aceito as minhas falhas. Aceito as minhas fragilidades e limitações. Aceito sempre que não consegui escolher bem porque sei que dei o meu melhor. Fiz o melhor que sabia, respeitando-me a mim e aos outros. E nunca abdiquei dos meus valores: honestidade, integridade, verdade, e dignidade.  Por isso, 2020 foi um ano bonito. Para 2021 ambiciono continuar o meu caminho orientada pelos meus valores incorruptíveis e fiel a mim própria.

Nota: Fotografia por Verónica Silva

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