O número de pessoas com cancro tem aumentado em todo o mundo, principalmente nos países mais desenvolvidos devido, sobretudo, ao aumento da esperança média de vida.
Em Portugal o número de pessoas com cancro (diagnosticado nos últimos 5 anos) ronda os 170 mil. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o cancro colorretal é aquele com maior incidência no nosso país, no entanto, se dividirmos por género, nos homens há maior número de diagnóstico de cancro da próstata e nas mulheres de cancro da mama.
Como prevenir?
Se, por um lado, nada podemos fazer para evitar o avançar da idade ou para alterar a nossa genética, que são algumas das causas para o elevado número de casos de cancro, por outro lado, depende de cada um de nós ter hábitos de vida mais saudáveis, prevenindo assim o aparecimento desta e de outras doenças. Atualmente, estão bem documentados os benefícios de uma vida saudável na prevenção ou no tratamento de vários tipos de cancro. Segundo a OMS, alguns dos fatores de risco mais frequentes no nosso país são: consumo de tabaco e álcool, sedentarismo, obesidade e exposição a radiações UV.
Barreiras à prática de exercício físico
Segundo o Eurobarómetro de 2022, 73% dos portugueses afirma que nunca pratica exercício físico. Este é o valor mais elevado de toda a Europa.
Infelizmente, a doença oncológica adiciona ainda mais barreiras à atividade física. Apesar de atualmente se conhecerem os benefícios da prática de atividade física para o doente oncológico, até há bem pouco tempo era recomendado que este estivesse em comportamento sedentário o máximo tempo possível. A fadiga sentida durante os tratamentos e a falta de conhecimento sobre a prática de exercício são outros fatores que contribuem para esta inatividade.
Benefícios da prática de exercício físico
Há também cada vez mais estudos que comprovam os benefícios da integração de prática de atividade física no tratamento do cancro da mama ou no pós-tratamento. Esta ajuda a preservar a capacidade cardiorrespiratória, a melhorar a composição corporal e a controlar a fadiga relacionada com os tratamentos, que é um dos efeitos secundários que mais afeta a qualidade de vida. Quanto ao cancro da mama podemos ainda especificar a melhoria da autoestima e imagem corporal ou da funcionalidade do braço do lado da mama onde foi feita a intervenção.
Em baixo podemos encontrar uma tabela do American College of Sports Medicine (ACSM) que indica qual a dose de exercício físico (aeróbio, com resistências ou uma combinação entre os dois) para melhorar alguns dos principais efeitos da doença oncológica ou dos seus tratamentos.
Recomendação
A prática de exercício físico é altamente recomendada não só como prevenção ao cancro da mama, mas também durante os tratamentos e na fase de recuperação. Esta prática deve ser guiada por um profissional especialista na área. Felizmente, apesar de ainda em número reduzido, começam a aparecer cada vez mais projetos no nosso país que visam a promoção de atividade física nos doentes oncológicos e começa a haver equipas multidisciplinares que procuram aumentar ao máximo a qualidade de vida do doente. É essencial a promoção de hábitos de vida saudável na população em geral e nos doentes oncológicos em específico. A taxa de sobrevivência à doença é atualmente muito superior. É o momento de adicionar qualidade de vida à vida após doença oncológica.
Vítor Ilharco
[Instrutor Balance Club]
