Como aliar moda, sustentabilidade e bom gosto?

Fátima Lopes // Dezembro 28, 2020
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Peças 100% portuguesas, práticas, intemporais e sustentáveis, feitas para durar a vida toda. Parece-lhe bem? Pode encontrar tudo isto na primeira colecção de roupa lançada por Isabel Silva. E para vos dar a conhecer este projecto que tem como base a sustentabilidade, partilho convosco a conversa maravilhosa que tive com a “Belinha”. 

Saiba mais sobre a coleção Aly John i Isabel Silva:

. Fala-me um bocadinho sobre este projecto: como surgiu a ideia e como foi criar uma colecção de roupa?

Começo por dizer que deu-me um gozo enorme fazer tudo isto. Sou, realmente, uma abençoada pela equipa e família que tenho.

Lembro-me perfeitamente de quando conheci a Aly John. Foi há cerca de quatro anos numa loja multimarcas no Chiado. Vi dois pares de calças e, só à primeira vista, percebi que eram boas. Tinham pinta e pareciam vestir bem. Melhor ainda quando percebi que podiam ser customizadas. Enviei as minhas medidas e, em poucos dias, chegaram a minha casa umas feitas à medida do meu corpo. Nunca mais as larguei, e prova disso são as histórias que elas já contam. Foram comigo para programas de televisão, jantares de amigos, eventos, férias e até as usei só para andar por casa. E porque a moda é emocional, quis ir até à fábrica para conhecer a equipa e a bonita costureira que produziu as minhas calças, a Conceição. E como trabalhar em comunidade e para a comunidade é a minha filosofia de vida, escolhi e fui escolhida pelo João, pela Fernanda, pelo Manuel e pelo Miguel. A família Lamosa, de Guimarães que, hoje, fazem parte da minha família.

Foi juntamente com a Aly John que criei sete peças que vão combinar com tudo o que as pessoas têm no guarda roupa. Todas elas refletem aquilo que valorizo: 

  • 100% Portuguesas;
  • 100% Produção nacional;
  • Preço justo para quem produz e para o consumidor;
  • Produção pequena e média escala; 
  • Excelente matéria prima para durar o resto da tua vida; 
  • “Smart Design” porque é fácil de conjugar e muitas das peças valem por duas.

. Porque é que tiveste tanto cuidado em que a tua colecção de roupa cumprisse todos os critérios da sustentabilidade?

A moda dá-nos o poder e faz-nos sonhar. Tem uma capacidade única de gerar tendências que se espalham rapidamente e que chegam a muita gente. E se a moda fosse usada para o bem? Para mostrar que precisamos de abrandar o consumo. De escolher melhor, em menos quantidade? É ou não é a moda um dos veículos da sustentabilidade? É importante memorizar esta mensagem e que cada um de vocês responda a esta pergunta: sabem aquelas calças de ganga clássicas que estão no guarda roupa há uns bons anos e que, por muitas calças que comprem, aquelas acabam sempre por ser a escolha de todos os dias? A minha pergunta é: porquê? Ou é porque ficam sempre bem, porque a qualidade do tecido assim o permite, ou porque assentam como uma luva e vestem super bem. É daquelas peças que, na altura da compra, nos faz pensar que custa “uma pipa de massa”, mas que hoje, se calhar, achamos que até foi um preço justo. 

As sete peças desta colecção foram pensadas de base e alinhadas com os valores que defendo, e que eu quero que durem a vida inteira. Num mundo cada vez mais globalizado, em que quase tudo é industrializado, é cada vez mais difícil irmos à origem das coisas. E eu gosto de saber de onde vem aquilo que estou a usar, como foi feito, com que materiais, por quem, se foram respeitadas regras básicas ambientais e de comércio justo. Para mim, a melhor tendência de moda é unicamente aquela que se conjuga com a maneira como cada um de nós vive a vida. Também é importante memorizar esta mensagem.

Eu sou exatamente aquilo que visto. Escolher todos os dias aquilo que vou vestir leva-me muitas vezes ao desespero, porque a minha indecisão fala sempre mais alto e porque aquilo que visto tem de ser pensado para o meu dia-a-dia e para fazer televisão. Troco de roupa mais do que uma vez por dia, e chateia-me estar sempre a pensar em combinações e conjuntos. Não gosto de saber que tenho uma peça maravilhosa no padrão e no design, mas que depois não é confortável. Chateia-me ter peças que foram um investimento, mas que depois não uso com a regularidade que devia porque, afinal, não são assim tão versáteis. Chateia-me, grande parte das vezes, perder demasiado tempo a pensar no que quero vestir porque vejo opções a mais no guarda roupa, e depois acabo sempre por vestir o mesmo. Tudo isto me chateia e gera ansiedade porque só quero sentir-me confortável e bonita com aquilo que visto. Então, o truque é simplificar.

Como disse, a moda é muito emocional, mas tem de ter sentido prático. Gosto de roupas que me facilitem a vida e que não me deixem sempre com dúvidas, mas que me façam sentir sexy, confiante, poderosa, mas têm também de ser leves e, sobretudo, confortáveis. É por essa razão que gosto de conjuntos monocromáticos, com peças que são facilmente conjugadas com outras essenciais, daquelas que ficam bem com tudo. Ou seja, coisas como umas calças de ganga, um blazer, t-shirts básicas, camisas brancas ou um trench coat. Agora, há aqui um ponto muito importante: é que tudo isto só faz sentido se a qualidade dos tecidos for superior e se o “fitting” for perfeito. Porque só isto faz com que queiramos usar essas roupas para o resto da vida. E isto, minha gente, é ser sustentável.

. Qual a mensagem que queres passar com esta colecção de roupa?

O que me entusiasma mais neste projeto é, precisamente, a mensagem que quero passar. A mensagem da consciência, de que tudo o que fazemos neste mundo impacta a nossa saúde e a saúde do nosso planeta. A mensagem de que o caminho se faz caminhando e que cada um de nós deve agir e mudar de acordo com quem é, e não de acordo com o que a tendência nos impõe. A mensagem de que as mudanças se fazem com equilíbrio e nunca com fundamentalismo. A mensagem de que, antes de comprar, devemos em primeiro lugar, destralhar e dar mais vida ao que temos no nosso armário.

Comprar também é bom e vale a pena, mas que temos de ser inteligentes quando o impulso quer falar mais alto. Mas também está tudo bem se nem sempre conseguirmos combatê-lo. Interessa é ter consciência.

O meu propósito é comprar consciente. Ou seja, comprar só se souber que, seguramente, vou usar, cada uma delas, mais do que 30 vezes ao ano. Porque só assim vale a pena!

. Onde podemos encontrar as peças? 

As peças estão disponíveis para encomenda apenas no site da Aly John. Ou seja, não é feito stock porque tudo é feito por pedido para não acumular excedente. Todas as peças são personalizadas e feitas à mão pela Conceição. O que encaixa na perfeição com a mensagem de slow living que pretendo passar, que é: se querem ter as coisas feitas com amor e carinho têm de saber esperar porque tudo tem um timing. E se têm pressa para ter alguma coisa, a pressa sempre foi inimiga da perfeição. Certo? Este é o meu primeiro projecto, por isso não fazia sentido dar um passo maior que a perna e acumular um grande stock. Felizmente as encomendas têm surgido, mas o mais importante para mim, enquanto comunicadora e empreendedora, é usar a moda para poder passar, exactamente, essa mensagem do slow living, de valorização daquilo que é português e dos materiais. Temos de cuidar daquilo que é nosso! Temos de comprar, mas com qualidade e pensar se realmente aquela peça nos vai acrescentar valor. 

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