Como construir uma menopausa positiva?

Lisa Vicente // Maio 28, 2021
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menopausa
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A menopausa está, frequentemente, associada a uma imagem pouco positiva. Talvez porque seja uma voz comum na sociedade de que esta é uma fase de “declínio”, de “perda” da fertilidade, da feminilidade, da sexualidade, espera-se que “venha lá para o fim da vida”. Mas, não é verdade e é importante desconstruir estas ideias. Hoje em dia, com o aumento da esperança de vida e da qualidade dos cuidados de saúde individuais, a maioria das mulheres quando atinge a menopausa – em média aos 50 anos – sente-se activa e produtiva. Com muitos anos de vida e projectos para o futuro.  

A nossa saúde e bem-estar são um processo contínuo: “constrói-se ao longo da vida” pelas escolhas e cuidados que temos com o nosso corpo e a nossa mente. Os cuidados nutricionais, os cuidados com a pele, a prática de exercício físico, são alguns exemplos, deste espírito de investimento ao longo do tempo. Por isso, não espere pela menopausa para começar a cuidar de si.

Se já está na menopausa, não se renda. É importante ter consciência de que a menopausa existe e que existem estratégias para contrariar ou atenuar as mudanças que este estado fisiológico produz.

O que é concretamente a menopausa?

Em termos clínicos fica estabelecido o diagnóstico de menopausa quando decorreu um ano sem menstruações (amenorreia), sem que exista outra causa que justifique esta situação. A média em Portugal é 50 anos. Mas pode acontecer entre os 45 e os 55 anos.

O que significa menopausa precoce?

Designa-se desta forma quando acontece entre os 40 e os 45 anos. Quando a menopausa surge antes dos 40 anos fala-se de insuficiência ovárica prematura. Nestes dois casos – em particular neste último – é extremamente importante ser avaliada em consulta porque são situações com intervenções específicas.

“Como posso perceber se estou em menopausa?”

Como somos todas pessoas diferentes, obviamente que não há uma versão única para todas. Mas, existem dois grandes grupos:

  • Se menstrua regularmente/habitualmente, podem surgir ciclos com intervalos irregulares (mais curtos, mais longos ou que vão alternando) ou deixar de menstruar por longos períodos. Muitas vezes surgem “calores súbitos” (conhecidos como “afrontamentos”), que são mais frequentes à noite, no fim do dia, quando está mais cansada ou come alguns alimentos. Outros sintomas frequentes são a dificuldade em manter uma noite de sono completa (muitas vezes intercalada por vários episódios de “afrontamentos”), mudanças de humor e diminuição da lubrificação vaginal;
  • Se não menstrua regularmente, não menstrua de todo porque usa um método de contracepção que produz esse efeito ou se já foi submetida a uma histerectomia (com preservação dos ovários), a “suspeita” resulta do aparecimento dos sintomas atrás descritos. Se nunca sentir nada, algures entre os 50-55 anos, é possível que o seu médico/a assistente estabeleça uma forma de realizar o diagnóstico.

O que é a perimenopausa? 

A expressão perimenopausa designa o período de tempo antes e depois da última menstruação (quando é esse o caso). Normalmente tem uma duração de 4-8 anos, em que existem os sintomas atrás descritos, que têm características e intensidades diferentes para cada mulher. Para muitas mulheres, nesta fase existe ainda o risco de poder engravidar se não fizer contracepção, uma vez que perimenopausa não é sinónimo de que já não engravida.

“O que posso fazer quando surgem os primeiros sintomas de menopausa?”

Os afrontamentos, as alterações do humor e do ritmo do sono produzem uma sensação de cansaço frequente. É verdade que há mulheres que não sentem alterações. Mas se tem sintomas, procure ajuda. Não subestime o impacto destas alterações no seu bem-estar, na sua qualidade de vida e até na sua sexualidade.

Estes sintomas podem ser tratados com terapêuticas hormonais ou não hormonais. O modo de o fazer tem de ser definido em consulta com base na sua história clínica e em alguns exames. Não existem “truques” ou tratamentos iguais para todas as pessoas. Hoje em dia acredita-se em fazer tratamento individualizado. Ou seja, tratar a mulher considerando os seus sintomas, estado de saúde e factores de risco, respeitando o modo como pensa e o seu ritmo de vida.

O que esperar da sexualidade nesta etapa?

A sexualidade não é apenas comandada pelo nosso sistema hormonal. O bem-estar físico e psíquico são factores determinantes na forma como vivemos a nossa sexualidade.

Se sente muitas alterações relacionadas com a menopausa é possível (e compreensível) que sinta uma menor disponibilidade para se relacionar afectiva e/ou sexualmente. “Menos desejo” ou “menor libido”, na voz corrente… Mesmo que não seja esse o seu caso, é importante ter consciência que fisiologicamente existe um desafio físico: a diminuição dos estrogénios, típica desta fase, pode provocar alterações na vulva e na vagina. A mucosa da vagina torna-se mais fina, mais desidratada e menos vascularizada. Decorrente destes factos pode diminuir a lubrificação em resposta a estímulos sexuais. Para prevenir ou tratar estas alterações existem várias opções de tratamento.

A menopausa como “estado” não diminui, por si só, o desejo e o prazer sexual. Podem existir mudanças, para as quais já existem soluções. Só tem de dar o primeiro passo. 

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