Como gerir o stress e as discussões em família?

Bárbara Ramos Dias // Dezembro 22, 2020
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gerir o stress e as discussões em família
gerir o stress e as discussões em família

Queres ter um Santo Natal, sem discussões, gritos, sem más caras, mas, sim, recheado, de muita paz, amor e alegria? Então, este artigo é para ti. Mas, antes quero que saibas uma coisa: a forma como vais gerir o stress e as discussões em família é sempre uma escolha tua. Curiosa/o?

As férias escolares já chegaram e com elas vêm os receios. “Como vou entreter os miúdos estas férias?”; “Será que vou ficar mais cansada/o depois das férias?”; “O que posso fazer para ter menos discussões?”; “Como posso gerir as discussões e gritarias?”; “Como posso ter umas férias de Natal em paz?”. A verdade é que um infindável número de perguntas inundam os nossos pensamentos. Por isso, a pergunta que vos deixo é a seguinte…

Queres ter razão ou paz no coração?

Pois é, nós é que somos os adultos. Nós temos a capacidade de gerir conflitos e a capacidade para lidar com a frustração E também somos o espelho do comportamento dos nossos filhos. Ou seja, se queremos que eles tenham um comportamento diferente, sem que estejam sempre a gritar, isolados no quarto, e com constantes palavras desagradáveis, então…

Temos de mudar primeiro o nosso comportamento.

Acredita, se fores aquilo que querias que o teu filho fosse, já é meio caminho para que ele também o seja

“E o que fazer em relação às discussões entre irmãos?”

As discussões entre irmãos são habituais. Quem não discutia com irmão na infância? Faz parte. A nós, pais, cabe-nos cumprir um papel bastante importante de mediadores dos conflitos. Cabe-nos estimular uma relação de partilha de amizade, cooperação e respeito mútuo e, para isso, as regras e limites são cruciais. 

Como lidar com o stress e as discussões em família?

A melhor técnica é falar baixinho, de forma clara, com amor, regras e limites porque isso vai obrigá-los a pensar em soluções. No entanto, vou deixar aqui algumas dicas para que, nesta época festiva, possa gerir o stress e as discussões em família da melhor forma.

16 Dicas para gerir o stress e as discussões em família:

  1. Comporta-te com o teu filho tal como queres que ele se comporte contigo;
  2. Ignora o mau comportamento e elogia o bom;
  3. Sê persistente nas regras e limites, sem cederes. Não é não! E lembra-te, que “dizer não a um filho é um ato de coragem”;
  4. Incorpora a personagem da “mãe do Ruca”, que tem sempre muita paciência e clareza no discurso, a chamada “paciência budista”. Ou seja, tenta ter mais paciência e compreensão;
  5. Percebe se existe ciúme. Habitualmente atrás das discussões de irmãos está o ciúme. E podes perguntar diretamente: “O que gostavas de ter que ele tem e tu não”. Esta questão ajuda-o a pensar e, algumas vezes, é simplesmente achar que o irmão tem mais atenção por parte dos pais. Por isso, “deitam o outro a baixo” e discutem;
  6. Ter sentido de humor. Certo dia, eu, cansada, estava a escrever um artigo que tinha prazo para cumprir e os meus ricos 3 doces pestinhas não paravam de discutir. Após várias tentativas de os silenciar para que conseguisse terminar o trabalho, eles continuavam. Sugeri que fossem para o quarto discutir e resolver o problema e nada funcionou. Eu estava no meu limite, sem paciência e muito stress. Humana como sou, disparatei… Comecei a gritar: “Por favor meninos, vão brincar para quarto, vão fazer um bolo, vão  andar de bicicleta, mas deixem-me em paz! Preciso mesmo de acabar isto e vocês não me deixam…”. Sempre a gritar como que se fosse um ataque de histerismo. Quando parei o discurso de gritos, olhei para frente e estava o meu filho mais novo de 8 anos a olhar para mim com um ar muito sério, mas gozão como o caracteriza. Disse-me: “Mãe, é preciso escândalo todo?”. Claro que eu acabei por sorrir. Pedi-lhes com calma só 30 minutos e eles cumpriram. Foram para o quarto jogar damas enquanto eu terminava o trabalho;
  7. Responde na mesma moeda para que perceba e espelhe o seu comportamento. Após ignorares as frases menos simpáticas do teu filho, quando ele te vier pedir alguma coisa passadas algumas horas, tu respondes exatamente com as palavras que ele usou. Um dia pedi ajuda à minha filha mais velha para ela arrumar a cozinha, ela repostou de imediato, claro, adolescente. Eu ignorei e fingi que não ouvi. Mais tarde, veio ter comigo com um ar muito doce: “Oh, mãe, podes dar-me dinheiro para ir às unhas, por favor?”. Ao que eu respondi com a voz igualmente ternurenta: “Oh, filha, arrumaste a cozinha quando te pedi?”. Remédio santo! No dia seguinte ajudou sem lhe pedir absolutamente nada. Ou seja, se eu tivesse gritado e /ou insultado – “Não fazes nada”; “És uma preguiçosa.” – o que ganhava seria discussões. Assim, evitei gritaria e consegui passar a mensagem;
  8. Consegue uma frase que vos faça parar. Combinem em família uma frase para que quando alguém gritar ou for desagradável, o outro diga a tal frase parando de imediato sem discutir. A frase da minha família é: “Está a chover”. E isto serve para eles e para nós;
  9. Deixa-os brincar, desarrumar, sujar, afinal são crianças e precisam disso. A natureza da criança não é ficar sossegada e calada um dia inteiro. Aliás isso só acontece quando estão doentes;
  10. Não tomes partido de uma das partes em caso de discussão entre irmãos. Põe-te à margem e pede que resolvam entre eles;
  11. Ajuda-os a conseguirem soluções para os seus desafios. Ajuda-os a que tenham empatia, que se coloquem no lugar do outro. Põe limites, não permitas que discutam ou batam-se à sua frente. Eles que resolvam entre si e só depois venham partilhar a solução convosco. Caso contrário que fiquem no canto deles. Lá em casa todos os dias havia discussão por causa do comando da televisão. Um dia após discussão, disse: “Ou encontram solução, ou o comado é meu”. Foi então que decidiram que o comando é um dia de cada um e vai rodando, e quando eu estou na sala, é meu;
  12. Dá nome às emoções. Isso ajuda-os a pensar sobre o que sentem. Pede, por exemplo, para desenharem a emoção e que pensem na solução;
  13. Tira 1 hora por dia para estares exclusivamente a dar o máximo de atenção aos teus filhos. Faz trabalhos manuais, joga jogos de tabuleiro, lê, brinca, faz teatro. Se eles sentirem a tua atenção durante esse tempo vão portar-se melhor. A maior parte das vezes, eles só querem a nossa atenção, sem telefones, computadores, cigarros e tudo o resto. E portam-se mal como forma de chamar a atenção e pedir socorro;
  14. Cria tempo para ti e para quando estás irritado conseguires baixar os níveis de stress. Se nós estivermos tranquilos teremos mais paciência e capacidade para gerir discussões “tontas”. Eu gosto de saltar no trampolim que tenho debaixo da cama para quando estou irritada ou de fazer uma caminhada. Mas vocês terão os seus escapes;
  15. Faz a luta dos galos, funciona sempre. Combina previamente que sempre que algum começar a gritar ou discutir, o outro lembra do jogo, e em silêncio fazem a “luta de galos”. Ou seja, de cócoras, em silêncio lutam só com os antebraços tentando deitar o outro ao chão. Vão com certeza começar a rir e a discussão para. Tenho pais que me dizem: “Desde que implementámos este truque, as discussões deixaram de existir”;
  16. Pensa: “Quero ter razão ou paz no coração?”. Eu, claramente, prefiro ter paz no coração. Mas, a escolha é sempre tua. Ou seja, a forma como vais gerir o stress e as discussões em família é sempre uma escolha tua.

Boas férias e bom Natal.

Que este seja um Natal com muito amor, paciência, inteligência emocional, regras, limites, muita criatividade e, claro, as habituais pepitas de alegria.

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