O cérebro é o grande compositor das nossas vidas. É a este importante órgão que compete todas as funções relacionadas com o pensamento, intuição, imaginação, ação, escrita, emoção, consciência, entre outras. Mas não é só! O cérebro é também o regulador de uma série de funções vitais, tais como a respiração, os batimentos cardíacos, o controlo da temperatura, o sono, a fome ou a sede. Trata-se do principal órgão do sistema nervoso, pesa cerca de 1,5 kg e dispõe de células especializadas, os neurónios. Cada um dos seus 86 mil milhões de neurónios pode estabelecer até dez mil conexões sinápticas. É, por isso, importante adoptar estratégias para manter o cérebro saudável.
Quando nos deparamos com uma nova sensação ou informação, desencadeia-se no cérebro um fluxo de atividade através de uma rede de neurónios.
Os neurónios que são ativados juntos reforçam as suas ligações. Mais tarde, quando nos depararmos com uma informação semelhante, os nossos neurónios já estarão aptos a reagir mais rapidamente, seguindo o mesmo “caminho”. Quanto mais este “caminho” for percorrido, mais fácil será percorrê-lo. Pelo contrário, no caso da sensação ou informação não se repetir, as ligações enfraquecem. Tendo por base os estímulos que recebe, o cérebro reorganiza-se sistematicamente, reforçando sinapses quando ocorreu a repetição de uma ação ou sensação, produzindo novas sinapses quando algo de novo acontece ou eliminando aquelas que já não têm utilidade.
O cérebro é um órgão provido de plasticidade, logo flexível e dinâmico, pelo que a forma como o usamos dita aquilo que ele é.
Podemos e devemos usar esta plasticidade do nosso cérebro a nosso favor. Assim, o treino da nossa cognição – a capacidade do cérebro e do sistema nervoso de receber, identificar e responder a estímulos – é uma ótima ferramenta para melhorarmos as nossas capacidades, fazermos uso do nosso potencial cognitivo e, desta forma, desenvolvermos uma boa reserva cognitiva. É esta reserva que nos protege dos danos neurodegenerativos próprios do envelhecimento, diminuindo a probabilidade de vir a sofrer de uma demência, como a doença de Alzheimer.
Como manter o cérebro saudável?
Para mantermos o nosso cérebro saudável, algumas estratégias têm-se revelado eficazes: um estilo de vida intelectualmente estimulante, uma alimentação equilibrada, a prática de exercício físico, bons hábitos de sono, o envolvimento social, a meditação, a posse de um bom autoconceito e de uma boa autoestima.
O exercício físico, os bons hábitos de sono e uma alimentação equilibrada são, desde logo, três apostas ganhas no que toca a um cérebro saudável. Isto porque as células cerebrais usam oxigénio e glicose como combustível, sendo que quanto mais complexa é a tarefa que se executa, mais combustível será necessário. Desta forma, é determinante ter uma quantidade adequada de oxigénio e glicose no cérebro para que ele funcione plenamente.
De enorme importância é a manutenção de um estilo de vida mentalmente ativo, marcado por novas e diferentes aprendizagens e desafios, capazes de reforçar tanto as ligações neuronais existentes como de desencadear novas. Efetivamente, a investigação sugere que quanto mais ativarmos o nosso cérebro ao longo da vida, mais ágeis mentalmente permaneceremos, e menor será o risco de comprometimento cognitivo em idade avançada.
As atividades sociais têm também um efeito bastante positivo no funcionamento da cognição e na prevenção da sua deterioração. São também promotoras da saúde mental.
Por último, a posse de um bom autoconceito e de uma boa autoestima, assim como a prática da meditação, são também estratégias que muito contribuem para a saúde do nosso cérebro. É sabido que pessoas com uma boa autoestima avançam mais confiantes para os desafios que encontram e acreditam mais nas suas capacidades, o que as faz não temer o seu uso e adotarem uma postura mais curiosa na vida. A posse de um bom autoconceito faz-nos acreditar que temos uma missão na vida, que fazemos a diferença no nosso meio, e tudo isso nos proporciona maior motivação para a vida e para tudo aquilo que ela nos oferece. Já a meditação permite-nos uma maior conexão com o momento presente, com o aqui e o agora, o que se por um lado reduz o stress, por outro ajuda-nos a manter a concentração, beneficia a memória de trabalho e favorece a orientação espacial.
O que cansa o cérebro?
De forma oposta, são vários os fatores que podem conduzir o nosso cérebro a um estado de cansaço: a má alimentação, uma débil rotina de sono, o sedentarismo, o stress, a ansiedade e a ausência de novos estímulos ao nosso intelecto.
Uma pessoa mentalmente cansada demonstra dificuldade em concentrar-se, em manter o raciocínio, revela falhas na memória de trabalho e bloqueios na criatividade. Estas dificuldades levam a que desvalorize as suas capacidades e tornam-na menos recetiva aos desafios mentais que encontra no seu dia a dia. A pessoa mentalmente cansada não consegue brincar com a sua própria inteligência e usar, de uma forma plena e saudável, as suas habilidades cognitivas.
Um cérebro à prova de cansaço
Para treinarmos convenientemente as nossas capacidades, redescobrindo-as de uma forma diversificada e engraçada, apresento no livro “Um Cérebro à Prova de Cansaço” um plano de sete semanas com exercícios inovadores de diferentes graus de dificuldades. Ao longo de 49 dias são treinados vários domínios: raciocínio lógico, raciocínio numérico, capacidades visiospaciais, atenção e concentração, linguagem, criatividade e memória.
Pela boa saúde do seu cérebro, estimule-o e encontre gosto nessa estimulação!

5 Exercícios para estimular o seu cérebro:
1- Leia a frase que se segue, a qual tem algumas palavras sublinhadas. Modifique-as por outras de modo a elaborar uma frase que faça sentido. Adicionalmente fixe as palavras sublinhadas, vai precisar delas mais tarde!
A Márcia foi à varanda ver o pôr-do-sol, enquanto o seu compadre lhe preparava o lanche. |
2- Ligue estes 1 com sinais de adição ou subtração de forma a obter 100:
1 1 1 1 1 1 1 |
3- Seguindo a mesma relação lógica das palavras assinaladas na linha superior, identifique a palavra incógnita:
CARTEIRO – CARNEIRO BATATA – _ _ _ _ _ _ |
4- Descubra a solução para este enigma:
O dia em que fiz a inscrição foi no penúltimo dia do término do prazo e dois dias depois do dia que se segue à segunda-feira. Em que dia da semana terminou o prazo? |
5- Recorda-se das palavras do primeiro exercício? Se sim, não terá dificuldades em encontrá-las no quadro que se segue:
terraço | compadre | amanhecer |
merenda | varanda | almoço |
pôr-do-sol | irmão | anoitecer |
colega | dia | ceia |
lanche | amigo | pátio |
Soluções:
2) 1 1 1 – 11 + 1 – 1 =100
3) BANANA
4) sexta-feira
Nota: Fotografia destaque por Verónica Silva