Compreender a tristeza

Diana Gaspar // Março 25, 2021
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tristeza
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A saúde é sempre uma questão de equilíbrio, incluindo nesta balança também a gestão emocional. Temos esta dificuldade em permitir sem medo a tristeza, de a olharmos de frente e de nos descobrirmos através dela. Por outro lado, às vezes apegamo-nos tanto, que não sabemos viver de outra forma.

Não queremos a tristeza. Não queremos sentir aquele peso no peito que nos esmorece o sorriso. Não queremos acontecimentos que nos façam sentir vulneráveis, frágeis, sensíveis. Não queremos perder nada, nem ninguém. Não queremos momentos sem energia, sentir dor ou um grande desconforto. Na verdade, não queremos a tristeza para nada porque senti-la significa uma vida infeliz. Então, grande parte das vezes fugimos dela mostrando aparentemente que está tudo bem, que somos sempre felizes e que não temos tempo para ela. Mas não é assim para todos.

Eu sou triste?

Se alguns escondem a tristeza pelo medo da imagem de fragilidade a ela associada, outros excedem-na porque vivem com ela como se fosse a única emoção que pudessem sentir – são cronicamente tristes. Quando assim é, há um apego ao estado tão forte que a assumimos como parte integrante de uma identidade – Eu sou triste. 

A importância das emoções

As emoções são energia e manifestam a forma como nos sentimos e posicionamos no mundo, sendo este motivo pelo qual queremos emoções que nos façam sentir bem. Queremos alegria, curiosidade, serenidade, paciência, entusiasmo, esperança e tantas mais, mas tal como o sol não nasce sem uma noite com lua, também todas estas emoções existem porque existem as que nos fazem sentir mal. 

Geramos saúde dentro de nós quando aceitamos aquilo que sentimos.

E no que toca à tristeza significa não fugir dela a todo o custo, nem assumi-la como um estado constante e supremo. Desta forma, mais do que viver com a tristeza constantemente ou fugir dela a sete pés, acredito que o caminho para a saúde global através das emoções passa sempre por nos questionarmos:

  • O que nos diz a nossa tristeza? 
  • O que nos diz da forma como estamos a avaliar uma determinada experiência ou a nós próprios? 
  • Diz-nos que não merecemos ser felizes? 
  • Diz-nos que quem a sente é fraco? 
  • O que nos diz da forma como olhamos o mundo? 

Em si, a tristeza e qualquer outra emoção, não é boa nem má, é apenas uma fonte de energia que nos faz sentir bem ou mal.

O convite que te deixo hoje é que não te tornes prisioneiro das tuas emoções e que te permitas ir mais além, percebendo que mundo emocional faz parte de ti. 

O que diz aquilo que sentes da forma como vives o mundo? De que forma interpretas as tuas emoções? Se estás triste, olha para a tua tristeza com coragem para a transformares em algum tipo de aprendizagem, escuta o que ela te diz, percebe que mensagem implícita tem sobre ti e sobre a tua interpretação do mundo, e, acima de tudo, reconhece o que precisas de fazer para a transformar

Estar triste não significa ser fraco, mas também não faz de ti uma vítima ou uma pessoa infeliz. 

A infelicidade nasce do apego a essa emoção e a fragilidade da falta de pulso para a transformar em força de mudança. Acredito no poder transformador de olharmos para as emoções com coragem e a vulnerabilidade presente na condição humana. Assumir que nos sentimos sempre bem pode ser sim o maior sinal de fragilidade, pelo medo explícito de transformar o que nos dói e nos faz esmorecer na desilusão, com medo, com culpa, vergonha, cansaço e tanto mais.

A vida é um fluxo contínuo de experiências e assim sendo de emoções. Todas são importantes. 

Quanto mais nos permitirmos a aceitar e a reconhecer cada uma delas, estaremos mais livres para construir uma vida alicerçada em amor e compaixão, com resiliência para transformar o que nos dói com entusiasmo e confiança para semearmos todos os dias aquilo que queremos ver florescer na nossa vida. Acredito que as emoções são estados que sentidos de forma prolongados criam uma forma de viver e desta forma uma identidade. 

Que emoções estás a alimentar?

Se olhas para ti e não gostas do que vês percebe que emoções estás a alimentar. O que precisas de fazer para as transformar em crescimento? Isto tendo sempre em mente um sentido de vida claro e consciente que existirá sempre tristeza para ser sentida e alegria e amor para a curar, possibilitando sempre novos recomeços todos os dias. 

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