Diabetes e as crianças

Hugo Rodrigues // Novembro 14, 2018
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O que é a diabetes?

A diabetes é uma doença que afecta todos os órgãos e que, basicamente, diz respeito a uma incapacidade que o organismo tem de controlar os níveis de açúcar no sangue (glicemia).

Existem dois tipos de diabetes:

  • Tipo 1 – Surge tipicamente na infância ou adolescência e caracteriza-se por uma incapacidade do organismo em produzir insulina, que é a hormona responsável por baixar os níveis de açúcar no sangue;
  • Tipo 2 – É mais frequente na idade adulta e está muito associada à obesidade. Nestes casos a produção de insulina é normal, mas as células não a conseguem utilizar, pelo que o efeito final é semelhante: a elevação dos níveis de açúcar no sangue.

Tal como referi acima, em Pediatria a esmagadora maioria dos casos são de diabetes tipo 1, pelo que será esse o tipo abordado neste texto.

Como se controla a quantidade de açúcar no sangue?

Sempre que nos alimentamos, os níveis de açúcar no sangue sobem, o que vai estimular as células do pâncreas a produzir uma hormona, a insulina. O seu principal efeito é fazer com que o açúcar saia do sangue e entre para as células, normalizando os seus valores.

O que acontece na diabetes tipo 1 é que o organismo reconhece erradamente o pâncreas como sendo “estranho” e começa a destruí-lo. Ao fazer isso, a insulina deixa de ser produzida e o açúcar permanece elevado no sangue.

O que fazer perante uma suspeita de diabetes?

As manifestações clássicas de diabetes são as seguintes:

  • urinar muito e em grandes quantidades;
  • sede excessiva;
  • aumento do apetite;
  • emagrecimento.

Sempre que uma criança apresenta estes sintomas, deve-se avaliar a sua glicemia. Idealmente essa avaliação deve ser feita em jejum, sendo que um valor superior a 126mg/dl é indicativo desta doença. Se a medição não for feita em jejum, qualquer valor superior a 200mg/dl é também sugestivo desta situação. Nesses casos, a criança deve ser observada por um médico com urgência.
Por vezes estes sintomas instalam-se progressivamente e passam um pouco despercebidos. É por esse motivo que há muitas situações de diabetes que se manifestam inicialmente por alteração da consciência ou coma, pelo que é muito importante estar atento a estes sinais, de forma a não deixar progredir a situação.

Como se trata a diabetes tipo 1?

O tratamento da diabetes tipo 1 assenta em 3 pilares:

  • administração de insulina;
  • alimentação adequada;
  • prática de exercício físico.

Actualmente os esquemas de administração de insulina são cada vez mais precisos – através das chamadas “bombas” – pelo que é possível ajustar de forma muito mais correcta as doses a administrar. A grande vantagem prende-se essencialmente com uma maior liberdade alimentar que as crianças podem ter, o que lhes permite ter uma rotina diária muito mais aproximada dos seus amigos.
Todas as crianças diabéticas e as pessoas que lidam com elas (familiares, professores, …) devem estar familiarizados com esta situação (regras alimentares, administração de insulina), de forma a poder orientar e ajudar em situações que assim o exijam.

Quais são as complicações da diabetes?

As complicações da diabetes geralmente surgem ao fim de alguns anos de doença e devem-se essencialmente ao atingimento das veias e artérias, que estão sujeitas a níveis elevados de açúcar. Assim, pode haver atingimento da visão, do coração, dos nervos, dos rins e dos membros, por exemplo. De qualquer forma, se a doença estiver bem controlada conseguem-se prevenir estas complicações e essa é a mensagem mais importante de passar.

Alguns conselhos práticos:

A diabetes é uma doença crónica, ou seja, que dura a vida toda. Por esse motivo, é imprescindível que as crianças diabéticas entendam a sua doença, para poderem lidar com ela de uma forma muito mais eficaz.
Um dos aspectos que mais custa são as “picadas”. Hoje em dia, com os sensores de glicemia e as bombas de administração de insulina, essa necessidade é muito menor, o que melhorou em muito a qualidade de vida destas crianças.
Outro dos aspectos mais difíceis de gerir é a alimentação. No entanto, é sempre importante reforçar a ideia de que estas crianças precisam apenas dos cuidados “normais” de uma alimentação saudável, iguais aos que todas as pessoas deveriam seguir. Não precisam de nenhuma “dieta” em particular, só não devem é cometer grandes erros. Por vezes não é fácil, mas a mensagem que deve passar é mesmo esta: devem ter apenas uma alimentação saudável!
Por fim, uma palavra para a actividade física. Ela é fundamental para ajudar no tratamento desta situação, pelo que é aconselhável para todas as crianças. Os únicos cuidados prendem-se com a alimentação e administração de insulina antes e depois do treino, que deve ser ajustada em função do tipo de exercício e da própria resposta da criança.
O objectivo do tratamento da diabetes é que as crianças tenham uma vida perfeitamente normal e, se houver alguns cuidados, é mesmo isso que acontece.

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