E se eu me apaixonasse por um desconhecido?

Fátima Lopes // Março 4, 2019
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Pode parecer um tema estranho, mas depois de fazer quase 50 programas “First Dates”, atrevo-me a dizer que se impõe. Cada vez que leio a história de alguém que participa no programa, confirmo que em qualquer idade se pode sentir que não é fácil conhecer uma pessoa nova, por quem nos possamos apaixonar.

A dificuldade em conhecer novas pessoas

Inicialmente, achava que esta dificuldade só seria sentida por pessoas com mais de 40 anos, porque a juventude, à partida, desbloquearia todos os caminhos. Nada mais errado.

Constato que gente muito nova, na casa dos 20, têm às vezes dificuldade em conhecer outras pessoas, fora da sua esfera de contactos habituais ou então já tiveram experiências suficientemente marcantes para saberem o que querem e o que não querem de uma relação. Por isso, confiando no seu feeling, inscrevem-se na expectativa de se apaixonarem por um desconhecido.

As pessoas com mais de 50 anos, e quase todas com filhos já adultos, mostram uma abertura de espírito espantosa. A vida já lhes ensinou muito sobre o amor, a paixão e sobre como dosear expectativas.

Ao mesmo tempo revelam um sentido prático muito giro. Vão mais diretas aos assuntos, perguntam as coisas mais simples, mas necessárias na gestão da vida de um casal e não perdem tempo. Têm aliás uma noção de tempo bem diferente dos mais jovens e isso é maravilhoso. Sabem que a vida é para ser vivida aqui e agora e só vale a pena deixar entrar quem realmente vale a pena.

E se a paixão aparecer de repente?

O “First Dates” tem sido uma escola, a tal ponto que já me questionei “e se eu me apaixonasse por um desconhecido?” Falo em paixão, não em amor.

O amor é outro campeonato e, para mim, pressupõe tempo para as pessoas se conhecerem bem. É um sentimento que vai para além da loucura e entusiasmo iniciais.

Implica viver várias situações juntos, experimentar coisas, contactar com amigos de ambas as partes, falar de temas muito diferentes, porque tudo isso nos permite conhecer o outro e perceber se queremos construir uma relação mais sólida com aquela pessoa.

A paixão pode ser só uma questão de química. Algo que não se sabe explicar, mas que apetece viver e isso pode acontecer a qualquer um, quando menos se espera.

A idade traz-nos uma sabedoria espectacular. Percebemos que mesmo que isto aconteça, apaixonarmo-nos por um desconhecido, convém manter os pés no chão e só deixar o coração voar. Porque são estes mesmos pés que nos permitem viver o agora ou sair daqui, se já não nos fizer sentido.

Há quem se tenha apaixonado por um desconhecido e tenha vivido depois um grande amor. Na verdade tudo pode acontecer, porque no domínio dos sentimentos, a magia também está em não os saber explicar.

Nota: Fotografia por Verónica Silva.

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