Nacional 2 com Alma (Parte 1)

Luís Baião // Setembro 2, 2020
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A “Nacional 2 com Alma” nasceu da vontade de mostrar o nosso querido Portugal. Há uns anos fizemos o mesmo com o “Cozinhar com Amor Por Portugal de Lés a lés”, onde todos os dias, durante duas semanas, a Dani cozinhou um jantar saudável para uma família e amigos, nos mais diversos destinos de Portugal. Desta vez não vamos dar a volta ao país, vamos, sim, fazer percorrer de fio a pavio a maior estrada de Portugal, que por sinal é a 3.ª mais longa estrada do Mundo! Quem diria que num país tão pequeno conseguimos estar no pódio das estradas mais longas do mundo. É a única estrada na Europa que atravessa um país em toda a sua longitude. No Mundo, existem apenas outras duas que a superam – a icónica Route 66, nos Estados Unidos da América, e a Ruta 40, na Argentina. 

Esta viagem realizar-se-á de 02 a 10 de Setembro, na nossa, já emblemática, Zeninha Car (Caravan Hippie chic). Serão 9 dias de viagem, nos quais vamos certamente viver muitas aventuras, contar muitas histórias e mostrar património nacional que vale a pena conhecer, assim como dar a conhecer projectos inovadores e interessantes. 

Uma viagem em pura magia

Será, com certeza, uma viagem em pura magia, a qual vamos partilhar nas redes sociais o percurso e as vivências em cada região. Partilhas que faremos com muito amor com as pessoas que se forem cruzando connosco, e com as que queiram mostrar a arte de saber receber. Nesta viagem, vamos desfrutar e quem quiser usufruir da nossa companhia só precisa de enviar o pedido para jantar, lanchar ou almoçar. E, já agora, mostrar o que já aprendeu com a Chef Daniela Ricardo e o seu ajudante Luís Baião.

Sabia que existe um Passaporte da Rota da Estrada Nacional 2?

Um viajante anda sempre com o seu passaporte e esta viagem não será excepção, contudo não será o passaporte habitual, o que usamos nas diferentes viagens pelo mundo, mas um específico para esta rota e que deve ser carimbado, nos diferentes locais, à medida que formos passando. A Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2 criou o Passaporte da Rota da Estrada Nacional 2. Este documento contém um pequeno mapa da rota, onde podemos coleccionar os carimbos que atestam a nossa passagem por cada um dos 35 municípios por onde passa a Nacional 2. Os carimbos podem ser obtidos em locais como postos de turismo, cafés ou alojamentos, ao longo de todo o trajecto. Será, de certeza, uma forma diferente e divertida de recordar a viagem!

A história da mítica Estrada Nacional 2 (EN2)

A Nacional 2 começa em Chaves e o termina em Faro, atravessando pelo meio 11 distritos, 35 concelhos, mais de uma dezena de rios e quatro imponentes serras. Esta será mesmo uma viagem à séria e importante. Para terem uma ideia, a Nacional 2, a maior estrada em Portugal, tem uma extensão de cerca de 739 quilómetros. Esta mítica estrada foi inaugurada a 11 de Maio de 1945 e simboliza a concretização de um dos grandes sonhos de Salazar. No entanto, a EN2 não foi construída de raiz: parte da sua estrutura corresponde à antiga Estrada Real, rota que cruzava o interior de Portugal e que se destinava a servir o reino português.

Será um itinerário perfeito para descobrir a nossa cultura e a paisagem do nosso país em toda a sua autenticidade. Já conseguimos visualizar as montanhas transmontanas e beirãs ondulando o horizonte, as praias fluviais do interior carregadas de romance, os socalcos do Douro num pôr-do-sol inebriante e os montados alentejanos a nos perder na sua imensidão, terminando na beleza que o mar nos consegue sempre transmitir, bem no fundo de Portugal, na costa Algarvia. Prevemos que esta será uma viagem em que a natureza nos fará perder o fôlego, pela beleza e pela diversidade.

Itinerário “Nacional 2 com Alma”:

Este é mais um dos nossos projectos com Alma. Deixamos aqui uma ilustração da Sara Glória que teve o carinho de nos fazer um mapa representativo da nossa viagem. Fique a conhecer os locais por onde passaremos com a nossa emblemática Zeninha Car. 

. Chaves, Vidago, Pedras Salgadas

O marco que sinaliza quilómetro 0 da “route 66” portuguesa está na lendária cidade de Chaves (Trás-os-Montes). Nesta linda cidade que faz fronteira com Espanha encontraremos um incrível legado histórico e cultural, muito marcado pelos vestígios do domínio romano. Como são exemplo: a ponte romana sobre o rio Tâmega as termas romanas Aquae Flaviae.

Toda esta uma é uma zona de montanhas rica em águas termais. Vidago será, para nós, uma paragem obrigatória. Nesta onde reina um charme que nos faz viajar no tempo até à Belle Époque, como é exemplo as Termas de Vidago. Ainda nesta zona fazemos questão de visitar as instalações de engarrafamento da nossa água gaseificada preferida. 

. Vila Real

A estrada passa por Vila Real. Outra das paragens que decidimos fazer e um dos pontos a carimbar no nosso Passaporte Rota da EN2 é Vila Real, uma das cidades mais belas e antigas de Trás-os-Montes. Vila Real é, muitas vezes, denominada princesa do Corgo, devido ao rio que a percorre. Ela possui um vasto património, histórico e natural para ser explorado – a Sé de Vila Real, a Casa de Diogo Cão, a Igreja de São Pedro, o Miradouro da Vila Velha e o Palácio de Mateus, uma das mansões mais elegantes da Europa.

. Lamego, Castro Daire e Viseu

Saindo de Vila Real a estrada passa em Santa Marta de Penaguião e atravessa o Alto Douro Vinhateiro. Já conseguimos adivinhar uma paisagem inigualável classificada como património mundial pela UNESCO. Exalta aqui a tradição vinícola, que é a mais antiga região vinícola demarcada do mundo. Continuaremos pelo Rio Douro passando por Lamego, a cidade histórica de Lamego será umas das nossas passagens que todos os anos em Setembro é palco de uma das importantes romarias do país. Esta cidade é guardiã de monumentos que são autênticas referências nacionais, como o santuário de arquitectura rococó dedicado à Nossa Senhora dos Remédios.

Seguindo viagem, outra vila rica em património histórico, e com algumas das praias fluviais mais bonitas do centro de Portugal, pararemos em Castro Daire.  Dizem que Igreja Matriz é ponto de visita obrigatório nesta vila. Confesso que nós somos mais virados para as belezas naturais, mas Portugal é um país tão rico em história, cultura, arquitectura, etc., que não deixa ninguém indiferente. Nem nós! Por fim, chegaremos a Viseu, o coração de outra região vinícola demarcada – o Dão. Viseu chega ao nosso olhar e aqui possui tesouros artísticos imperdíveis. Exploraremos de novo, com muita alegria, a cidade do lendário Viriato, onde já fomos muito felizes!

. Góis

Continuando a nossa icónica EN2, passaremos Tondela, Penacova e chegaremos a Góis. Este é um destino totalmente novo para nós. Apesar de conhecermos bem Portugal, existem muitos cantinhos para descobrir e conhecer. Góis é um deles.  

O município de Góis é composto por várias aldeias rurais e marcado pelas magníficas praias fluviais, serras e montanhas que conferem a esta região uma geografia muito própria. Além disso, Góis é também guardiã de uma vasta herança histórica – a Ponte Real e Capela do Mártir S. Sebastião, a Praia Fluvial da Peneda (talvez o local onde pernoitaremos com a nossa Zeninha).

. Abrantes, Montargil

Continuando o caminho surge o centro geodésico do país, o umbigo de Portugal, como gostamos de o chamar, que está assinalado com um marco – o Picoto da Melriça no concelho de Vila de Rei, aqui será colocado um carimbo imperdível no nosso passaporte. Cheira-nos a casa, afinal estamos muito perto da nossa aldeia, mas continuaremos para Sul. Em Abrantes, a última localidade a norte do rio Tejo, iremos subir ao castelo para admirar um panorama vastíssimo que abrange grande parte do rio e se estende pela Beira Baixa, Alentejo e Ribatejo. A viagem continuará agora a sul do Tejo. Estaremos em pleno Alto Alentejo, mais ou menos a meio da Nacional 2, e aqui encontraremos a barragem de Montargil. Repleta de uma beleza inigualável devido à suas águas bem azuis. Esta magnífica albufeira será lugar ideal para fazer uma longa pausa e relaxar.

. Montemor-o-Novo

O Alentejo que é uma região de planícies a perder de vista e tradições marcadas, algumas das quais foram elevadas à categoria de património da humanidade como o Cante alentejano ou a manufactura de chocalhos. Logo no início da Rota deste dia faremos um desvio para parar em Coruche. Existe aqui o Observatório do Sobreiro e da Cortiça, onde podemos ficar a saber tudo sobre estas árvores tão marcantes da paisagem alentejana. Continuando viagem, vamos parar num dos lugares mais emblemáticos da Estrada Nacional 2 – Montemor-o-Novo. Nesta vila é possível desfrutar da típica tranquilidade que se vive na região alentejana e ainda conhecer algumas relíquias históricas, como o Castelo de Montemor. Reza a lenda de que terá sido nesta fortaleza que se delineou a Travessia Marítima para a Índia de Vasco da Gama. Montemor-o-Novo é também palco de vestígios da ocupação paleolítica e neolítica. Se o tempo nos permitir esperamos conhecer a Gruta Escoural e regressar ao Cromeleque dos Almendres.

. Ferreira do Alentejo, Ervidel

Bem na rota da Nacional 2 está Ferreira do Alentejo conhecida como a capital do Azeite. Um dos pontos atractivos desta vila é a gastronomia, entre muitos pratos destacam-se para nós, a açorda de alho, a açorda de beldroegas, a açorda de carrasquinhas, as migas e o gaspacho. Nesta paragem vale a pena visitar aquele que de todos os templos religiosos de Ferreira do Alentejo é o mais conhecido e ícone da vila – a Capela do Calvário ou de Santa Maria Madalena. A dúvida do nome tem a ver com a interpretação que é feita das pedras de granito que estão incrustadas nas paredes redondas e caiadas de branco, com uma faixa amarela, uma arquitectura religiosa muito singular. Na região só há uma capela semelhante, em Peroguarda e é um pouco mais pequena. Curiosamente também é designada por dois nomes: Capela de Santa Maria Madalena ou Calvário das Pedras Negras.

Já no distrito de Aljustrel, ergue-se Ervidel, com a sua paisagem sobre a albufeira do Roxo a perder de vista e a presença desta enorme e majestosa e bela massa de água quase nos faz esquecer que nos encontramos em pleno Baixo Alentejo, onde tradicionalmente o clima é quente e seco. Esta é uma povoação muito antiga, como Montes Velhos. Ervidel é actualmente indissociável da barragem que abastece o perímetro de rega do Roxo. Desde sempre foi terra de vinho, azeite e cereais. A paisagem de Ervidel, onde os vinhedos marcam forte presença desde os tempos mais remotos, continua, actualmente, a gozar das extensões de retorcidas cepas das várias castas de uva que fazem os seus afamados vinhos. Entre muitas, chamou-nos a atenção a adega Moreira, onde as talhas de barro remontam ao século passado, estando a mais antiga datada de 1843. É nestas talhas que a uva esmagada fermenta, até acontecer o vinho novo, que se prova pelo S. Martinho. com um pouco de sorte conseguimos provar um pouco de vinho destas talhas centenárias.

Com tamanha extensão de água, de certeza não resistiremos a pernoitar por aqui.

. Aljustrel, Almodôvar

Em Aljustrel encontramos o maior percurso mineiro urbano de Portugal, ideal para “amantes” de caminhadas, como nós. Neste percurso “Aljustrel tem uma mina” podemos visitar e desvendar “segredos e riquezas” dos principais locais de interesse da vila mineira alentejana. É considerado o maior percurso mineiro urbano do país”, com 12 quilómetros de extensão. Passa por caminhos urbanos e rurais e passadiços de madeira e demora entre três e quatro horas a ser percorrido. Acho que não vamos resistir.

Ainda antes de rumar à região algarvia, faremos uma paragem em Almodôvar, uma tradicional vila alentejana, onde reinam as típicas casas caiadas, rica em património histórico e que possui diversos edifícios seculares, como a Ponte Medieval sobre a Ribeira de Cobres.

. Faro

Depois de atravessar onze distritos e 35 concelhos (11 Cidades e 24 Vilas), 10 Serras, 13 Rios e 7 Linhas de comboio, a Estrada Nacional 2 chega ao fim em Faro, com vista para o mar. Junto à Ria Formosa, Faro é a capital do Algarve. É uma cidade que seduz pela sua riqueza histórica e o epílogo perfeito para esta estrada que atravessa tantas histórias. É uma cidade tradicional onde se encontram alguns artefactos medievais e um monumental arco neoclássico, o Arco da Vila.  Nesta região podemos desfrutar das magníficas praias da costa Algarvia, como a Praia da Ilha de Faro. Parece-me o local ideal para terminar esta jornada.

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