O que existe em comum entre todas as doenças autoimunes?

Alexandra Vasconcelos // Agosto 12, 2022
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doenças autoimunes
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A incidência das doenças autoimunes é cada vez maior, tendo-se verificado um aumento enorme no número de casos nos últimos anos. Muitos estudos correlacionam este aumento de casos com a forma como vivemos e com o ambiente. Fatores como má alimentação, toxicidade, descontrolo emocional, níveis de stress muito aumentados, baixa de melatonina porque dormimos pouco e mal, são verdadeiros gatilhos para o despoletar de autoimunidade. 

O intestino e a microbiota intestinal estão desregulados em todas as pessoas portadoras de doenças autoimunes. Estes achados abrem portas para intervir na prevenção e controlo da evolução da doença.

O que são doenças autoimunes?

As doenças autoimunes são desequilíbrios do sistema imunitário que se manifestam pelo ataque das células imunitárias ao próprio corpo, ou seja, é uma resposta imune específica contra um antígeno ou uma série de antigénios próprios

Cada vez existe mais este tipo de falhas imunitárias; estima-se que mais de 20% da população possa ter uma doença autoimune. A tiroidite de Hashimoto, a diabetes tipo 1, as doenças autoimunes intestinais como colite ulcerosa e doença de Crohn, a psoríase ou as sistemáticas como o lúpus (LES), a síndrome de Sjogren, a esclerose múltipla e a artrite reumatoide, são alguns exemplos que, infelizmente, têm cada vez maior incidência entre nós. 

A notícia menos agradável é que os números dizem que as pessoas portadoras de uma doença autoimune têm um risco 4 a 5 vezes maior de contrair outra doença autoimune.

Entendimento da causa e não apenas a modulação do sintoma

A abordagem da medicina clássica relativamente às doenças autoimunes foca-se no uso de medicamentos que permitem melhorar a qualidade de vida dos doentes, reduzir a dor e travar os processos degenerativos. A solução terapêutica passa pela prescrição de anti-inflamatórios, corticosteróides e medicamentos imunossupressores que permitem “acalmar” o sistema imunitário e abafar os sintomas exacerbados que normalmente estão associados a estas doenças. Na fase aguda, entendo que estas constituem medidas eficazes, mas a abordagem não pode nem deve limitar-se à modulação do sintoma.  

Quando entendemos que nas doenças autoimunes existe uma alteração da resposta imunitária que se prende com perda da tolerância imunitária e que resulta no aumento da reatividade contra antígenos próprios, percebemos que podemos atuar na regulação da causa.

Existem 3 aspectos para os quais deve estar atenta/o:

  1. O controlo da resposta imunitária a nível intestinal;
  2. O controlo de reativações de patógenos como vírus ou bactérias que por mimetismo molecular (similitude estrutural entre antígenos estranhos e antígenos próprios) pode estar na origem da autoimunidade;
  3. Presença de toxinas que podem formar imuno-complexos capazes de despoletar reação imunológica.

É possível prevenir e modular doenças autoimunes? 

Sim, é possível prevenir e modular a evolução das doenças autoimunes abordando a causa e não apenas o sintoma. Acredite, vale a pena alterar alguns hábitos para viver com mais saúde, prevenir e controlar a doença autoimune.

Tudo começa no intestino.

Em todas as doenças autoimunes existe alteração da permeabilidade intestinal e ou desequilíbrio da microbiota intestinal. Quando o intestino não está bem, as macromoléculas mal digeridas e provenientes da alimentação, as toxinas, restos bacterianos, os patógenos e os alérgenos entram através dos capilares que existem na parede intestinal, chegam à circulação sanguínea e há uma alteração das respostas imunitárias no intestino. O organismo vai reconhecer estas moléculas como invasores e vai reagir, produzindo anticorpos de defesa. Acontece que este ataque por parte dos anticorpos pode não ser dirigido apenas contra estes invasores, mas também contra algumas partes do corpo ou órgãos com similitudes moleculares, como células articulares, células do sistema nervoso, da pele, do pâncreas, da tiroide e muitas outras.

O que fazer para controlar a doença?

  • Limpeza e equilíbrio intestinal;
  • Correção da alimentação;
  • Controlo do stress, ansiedade e desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (neuroimunoendocrinologia – conceito que relaciona as áreas neurológica e endócrina com a resposta imunitária);
  • Deteção de metais pesados, principalmente o mercúrio, muitas vezes proveniente das amálgamas dentárias, o alumínio das vacinas e dos produtos de higiene, entre tantos outros metais tóxicos;
  • Diminuição de xenoestrogénios – químicos que mimetizam o efeito dos estrogénios que funcionam como disruptores endócrinos. Inclui-se neste grupo os BPA (bisfenol A), os parabenos, os ftalatos que existem nos pesticidas, alguns produtos de higiene, os protetores solares, os plásticos, o fumo, os fertilizantes, etc.. A exposição contínua a estes produtos influencia muito negativamente a nossa saúde, especialmente o sistema imunitário;
  • Identificação de microrganismos. Estes podem assumir um papel de “gatilho” ou mesmo estar na origem de muitas doenças autoimunes. Identificar microrganismos em memória ou “adormecidos” em pessoas com doenças autoimunes é importante porque muitas vezes ocorre uma resposta tardia ou a reativação de alguns microrganismos. 

O que comer?

  • Legumes, vegetais e fibras;
  • Frutas;
  • Carne e Peixe;
  • Ovos;
  • Cogumelos;
  • Farinhas de Oleaginosas;
  • Gordura saudável (ómega 3 e 6);
  • Sementes;
  • Tubérculos.

O que não deve comer?

  • Caseína/lactose (produtos lácteos);
  • Glúten;
  • Cereais;
  • Excesso de carne, pré-embalados, industrializados;
  • Lecitinas (por exemplo, leguminosas);
  • OGM (produtos geneticamente modificados);
  • Aditivos alimentares (E407), edulcorantes;
  • Açúcar;
  • Refinados;
  • Óleos e gorduras vegetais (girassol, canola).

Os vírus são os principais culpados

Está amplamente documentada a relação entre doenças autoimunes e infeções crónicas por vírus, bactérias, fungos e outros microrganismos.

O sistema imunitário, a partir da exposição a antígenos desconhecidos, desenvolve respostas anormais contra as moléculas dos tecidos do próprio corpo e começa a auto atacar-se. O imuno-complexo suscetível de ser atacado pode ser um metal pesado, uma bactéria inativa (hapteno), resultantes de infeções anteriores, ou infeções persistentes como as infeções víricas. 

O vírus de Epstein-Barr (EBV) talvez seja o vírus mais estudado e relacionado com autoimunidade pela sua parecença com diversas partes do nosso corpo, fenómeno conhecido por mimetismo molecular

6 Mitos sobre doenças autoimunes

Infelizmente muitas pessoas portadoras de doenças autoimunes ainda acreditam em alguns conceitos que já estão desatualizados pela evidência científica que nos surge diariamente. Estes são mitos e, por isso, ideias pré-concebidas que não traduzem a realidade. 

Na doença autoimune, não é verdade:

  1. pode ser controlada, mas nunca prevenida ou revertida – Verdade, pode ser controlada;
  2. conformismo, é a genética – Verdade, podemos controlar a genética;
  3. o sistema imune não se pode controlar – Verdade, pode ser modulado;
  4. microbioma e o intestino não interferem na evolução da doença – Verdade, é a principal causa;
  5. dieta sem glúten não faz nenhuma diferença – Verdade, faz toda a diferença e pode até mesmo inverter as doenças;
  6. sintomatologia não melhora sem medicação química – Verdade, melhora e inverte sem químicos.

Se é portador de uma doença autoimune não hesite: altere os seus hábitos, mude a alimentação, trate do seu intestino e viva com mais saúde.

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