A SIC Esperança e a Fundação Benfica lançaram uma campanha de recolha de bens de primeira necessidade, para ajudar o povo ucraniano. Foi montada uma tenda, onde os bens chegavam e os muitos voluntários faziam a respetiva separação por caixas, de forma a que tudo fosse entregue de forma organizada. Decidi juntar-me aos voluntários e não pude deixar de me sentir tocada pelo espírito de missão que se sentia no grupo.
Havia pessoas de todos os escalões etários, o que tornava a experiência ainda mais bonita. Cada um seguia o seu ritmo, a sua capacidade e estava tudo certo.
Embora estivessem presentes algumas figuras públicas, não era preciso saber o nome de ninguém para fazermos o nosso trabalho. A magia daquela experiência, estava exatamente no anonimato.


Estávamos unidos na vontade de ajudar, na esperança de um mundo melhor, no sonho de que esta fosse a última vez que nos tínhamos de juntar por este propósito.
Quando olhava à minha volta e via centenas de caixas feitas e outras tantas por fazer, confirmava aquilo que já sabia: que o espírito solidário dos portugueses mantém-se intacto.

O espírito solidário dos portugueses mantém-se intacto. Nenhuma calamidade, nem pandemia o conseguiu corromper.
Pouco importa se quem precisa da nossa ajuda vive noutro país e sem grande relação com Portugal. A nossa capacidade de sermos empáticos e querermos fazer algo pela felicidade do outro, é extraordinária.
Pensamos e fazemos de imediato.
Basta ver a quantidade de pessoas que se organizaram por si, para recolher e levar bens essenciais aos países que acolhem os refugiados da Ucrânia e trazerem aqueles que querem vir para para o nosso país. Algumas destas almas bonitas são muitos jovens, mas como têm o coração no sítio certo, não desistem de acreditar numa humanidade melhor.
Tenho ouvido dizer, a muitas pessoas da minha geração, que um dos efeitos secundários desta guerra, é a dificuldade em manter o espírito positivo, a energia para levar a vida no dia a dia ou a vontade de lutar pelos nossos sonhos. Eu percebo, porque senti exatamente o mesmo e, de forma consciente, decidi que tinha de inverter esta tendência depressiva. Como? Valorizando ainda mais aqueles que tenho na minha vida e o que a vida me dá diariamente. Acrescentei a minha participação em iniciativas solidárias e, como que por magia, a esperança reacendeu-se. Experimentem.
Nota: Fotografias por Manuel Guerra