Sou mulher, não sou um objeto

Fátima Lopes // Fevereiro 8, 2019
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Se há tema que me deixa fora de mim, é o da violência doméstica. O ano 2018 foi negro, no que toca ao número de vítimas mortais, mas infelizmente 2019 já arrancou a dar sinais de não vir a ser melhor. A criatura que alegadamente matou a sogra e, mais tarde, a própria filha, uma bebé de dois anos, despertou em mim, uma vez mais, uma revolta imensa e uma vontade de gritar a plenos pulmões: Chega!!! Basta!!! Quem são estas criaturas que olham para as mulheres como meros objectos, propriedade sua, que usam a seu bel-prazer, que põem e dispõem tudo nas suas vidas e que se acham no direito de dominar por completo aquelas a quem um dia disseram amar? Não posso chamar homens, a esta laia de gente.

Homem que é Homem, respeita.

Homem que é Homem olha para a sua companheira com consideração, com admiração e com nível. Homem que é Homem e que ama, além disto tudo, tem prazer em ver a sua companheira feliz. Homem que é Homem e que ama, empenha-se em ajudar a sua companheira a valorizar-se e a ter maior auto-estima. Homem que é Homem e que ama, mima e cuida. O mesmo se aplica a Mulher que é Mulher e que ama, mas hoje vou centrar-me nos homens porque os números de violência doméstica, não deixam dúvidas.

Um grande e atual problema social

As mulheres vítimas de violência, continuam a ser em muito maior número. Ainda subsiste na sociedade portuguesa a ideia arcaica, de que a mulher é propriedade do homem. E não vale a pena dizer que isso é só nos meios rurais ou nas classes mais desfavorecidas. Não é verdade. É transversal a toda a sociedade, a todas as classes sociais e a todas as faixas etárias. É preciso educar para a igualdade e para o respeito. Em casa e na escola. É preciso, de pequeninos, ensinar os nossos filhos a respeitar de igual modo todos os géneros, a distribuir tarefas e responsabilidades de igual modo, a valorizar o outro.

Acham-se pequenos reis

Estas bestas agressoras, são gente que se sente muito pequenina por dentro, que sabe que vale pouco enquanto criatura humana e por isso destrói a mulher que ama, para sentir que é o mais forte e que domina. Sente-se finalmente um pequeno rei, que domina um território. É um comportamento primário e repugnante, próprio de gente que se sente pouco enquanto homem e, que ao exercer violência sobre a sua companheira, sente a sua virilidade aumentada.

Para mim não passam de um monte de nada, que normalmente se borram todos se apanham pela frente alguém capaz de os pôr no sítio. Aí acaba-se a virilidade insuflada e resumem-se à sua insignificância. Volto a dizer. Para mudar este cenário, há que educar, educar, educar, condenar com penas pesadas estes agressores, acabar com as penas suspensas e não permitir que regressem à liberdade sem provas claras de mudança. Por fim, a todos nós, cabe-nos denunciar e jamais sermos coniventes com a violência doméstica.

Nota: Fotografia por Verónica Silva.

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