Um homem não me define

Fátima Lopes // Janeiro 21, 2020
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Um homem não me define,

A minha casa não me define,

A minha carne não me define,

Eu sou o meu próprio lar”

Música: “Triste, louca ou má”, de Francisco El Hombre

Foi o refrão desta música que despertou em mim a vontade de escrever sobre a forma como muitas vezes as mulheres vivem uma relação com um homem. A educação que recebem desde o berço, fá-las sentir que um plano de vida não se cumpre sem a presença de um homem a seu lado. E mais. É esse homem que tem o poder de traçar as linhas mestres daquele projecto conjugal. Elas poderão pôr em prática o que pensam, desejam, ambicionam, se estiver alinhado com eles. Há uma individualidade valiosa que se perde muitas vezes, a partir desta união. 

Sem se aperceberem, muitas mulheres entregam o seu poder pessoal ao homem que está ao seu lado.

A sua história passa a ser contada a partir da ligação com o outro. Torna-se redutora, mais pobre e necessariamente com menos brilho. Por mais espectacular que seja o homem que está ao lado de uma mulher, ele terá o seu brilho e ela o dela. Os dois são importantes. 

Não é um homem que nos define como mulheres. A nossa história é a nossa história, construída a partir de dentro.

Mas, o que vejo muitas vezes, são mulheres que perante a inexistência de um homem ao seu lado, sentem-se seres mais pobres, com menos valor. Colocam-se na sombra e reduzem-se aos papéis que a sociedade ainda vê como sendo seus. O papel de cuidar da casa, de tudo o que isso implica e envolve. Quem diz a casa, diz o lar. E é como se a forma como somos mulheres e mães numa casa, nos definisse.

Para mim, “a minha casa não me define”. Sou óptima cuidadora da minha casa e do meu lar, mas sou muito mais que isso. “A minha carne não me define”, porque a minha imagem, o meu físico não dizem quem sou. O meu Eu tem múltiplas camadas e todas são importantes. 

Cada mulher é única.

Adorei o vídeo-clip desta música gravado com mulheres fora do estereótipo habitual, da mulher hiper mega elegante e muito jovem. As que não se encaixam nesta imagem também são mulheres e também são únicas. Quando a vida nos mostra o imenso valor que temos, as nossas múltiplas competências, a nossa força e resiliência, é quando sentimos “ eu sou o meu próprio lar”.

Nota: Fotografia por Verónica Silva

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